Rússia rejeita possibilidade de acordos falsos sobre a Ucrânia, afirma diplomata
Moscou reforça que eventuais negociações precisam ter base legal e não podem ser contestadas futuramente
247 - A Rússia não aceitará a assinatura de acordos que possam ser considerados inválidos no futuro em relação ao conflito na Ucrânia. A declaração foi feita por Rodion Miroshnik, embaixador-geral do Ministério das Relações Exteriores da Rússia responsável por monitorar crimes atribuídos ao governo de Kiev, em entrevista concedida à agência estatal TASS.
Segundo Miroshnik, qualquer acordo que venha a ser discutido deve ser construído de maneira sólida e juridicamente inquestionável. “Os possíveis acordos devem ser elaborados de forma que ninguém, em nenhuma circunstância, independentemente de sua atitude e desejos, possa reconhecê-los como nulos e inválidos”, afirmou o diplomata.
Contestação à legitimidade de Zelensky
Miroshnik argumentou que a legitimidade da liderança ucraniana é um ponto central nesse debate. Ele destacou que, para Moscou, o presidente Volodymyr Zelensky não teria autoridade para firmar compromissos internacionais. “Se alguém quer que os acordos sejam garantidos de forma legal e adequada, deve haver um representante legítimo na Ucrânia que possa assiná-los. E definitivamente não é Zelensky, porque Zelensky é um presidente ilegítimo há um ano”, disse.
O diplomata acrescentou que a Rússia não poderia aceitar um acordo firmado por uma liderança considerada ilegítima, já que isso abriria espaço para questionamentos futuros. “É mais caro para você, desculpe-me, assinar um acordo com uma potência ilegítima. Então, a Rússia não pode arcar com isso, e acho que ninguém mais pode, exceto aqueles que desejam acordos falsos”, declarou.
A importância de garantias internacionais
Na entrevista, Miroshnik enfatizou que não apenas a Rússia, mas também a comunidade internacional e a própria Ucrânia, precisam de compromissos firmes para assegurar estabilidade. Ele alertou que, sem um processo claro e legal, qualquer mudança de governo em Kiev poderia resultar na anulação de pactos anteriores. “Quem sabe que tipo de força poderia chegar ao poder na Ucrânia por meio de um golpe, por meio de algum tipo de transformação eleitoral, e qualquer um poderia dizer: ‘Sabe, foi assinado por uma pessoa que não tinha o direito de fazê-lo, então não reconheceremos nenhum desses acordos’”, explicou.
Roteiro para negociações diplomáticas
Ao falar sobre uma possível saída política, o representante russo defendeu a criação de um roteiro detalhado para negociações, com regras claras para a legalização e execução dos acordos. “Se esse caminho for seguido, o caminho da solução política e diplomática for encontrado, certamente sugerirá um roteiro específico, que obviamente conterá regras sobre a preparação, legalização e execução adequada de tais acordos, que seriam reconhecidos por todos os principais atores interessados”, concluiu.
A posição de Moscou reforça a posição russa de condicionar qualquer negociação sobre a Ucrânia à questão da legitimidade do governo em Kiev e à necessidade de respaldo jurídico que impeça a contestação de futuros acordos.