HOME > Mundo

Relatora da ONU afirma que Israel comete atrocidades em Gaza

Francesca Albanese denuncia assassinato de crianças, fome deliberada e limpeza étnica e critica o apoio dos EUA ao regime israelense

Francesca Albanese em Genebra (Foto: REUTERS/Denis Balibouse)

247 - A situação na Faixa de Gaza voltou a ser denunciada com extrema gravidade por uma autoridade da Organização das Nações Unidas. A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, acusou Israel de estar matando deliberadamente crianças palestinas, impondo fome em massa e conduzindo uma operação sistemática de limpeza étnica.

Em mensagem publicada neste domingo (20) na rede social X, Albanese criticou a inércia internacional e fez duras declarações contra o Estado de Israel. “Hoje, um Estado que mata milhões de pessoas de fome e atira em crianças como se fosse um esporte, apoiado tanto por democracias quanto por ditaduras, é o novo abismo da crueldade”, escreveu a relatora, referindo-se diretamente ao regime israelense.

Segundo Albanese, a situação em Gaza não pode mais ser descrita com palavras: “A fome atingiu o seu auge”. A denúncia veio acompanhada da constatação de que os palestinos estão sendo submetidos a um cerco implacável, com restrições brutais à entrada de alimentos, água e remédios.

Ela denunciou ainda que o bloqueio imposto por Israel está diretamente ligado ao aumento de mortes e advertiu: “Gaza está vivenciando uma realidade de partir o coração e se tornou um cemitério para crianças devido à inação global”.

Albanese também questionou a legitimidade dos discursos sobre uma solução de dois Estados enquanto Israel, segundo ela, “comete genocídio”. “A comunidade internacional está recompensando Israel”, declarou, em crítica direta ao apoio irrestrito que Tel Aviv recebe, especialmente dos Estados Unidos.

A relatora classificou as ações conjuntas de Israel e EUA como parte de “um projeto criminoso”. “Eles distribuem alimentos usando um mecanismo baseado em assassinato, então este é um projeto criminoso, e eles não enfrentam oposição”, afirmou.

O alerta da ONU ocorre em meio à intensificação da tragédia humanitária em Gaza, onde, segundo dados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), 100% da população sofre algum grau de desnutrição. Ainda de acordo com a agência, alimentos estão apodrecendo nas passagens de fronteira em razão do bloqueio israelense.

Na última sexta-feira (18), o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, informou que nenhuma ajuda humanitária conseguiu entrar na Faixa de Gaza por mais de três semanas — o bloqueio mais longo desde o início da guerra. "Este nível de obstrução está transformando a tragédia em catástrofe", advertiu Lazzarini.

.

O conjunto das declarações de Francesca Albanese amplia a pressão sobre governos, organizações humanitárias e a opinião pública internacional. Sua fala reforça os apelos de milhares de vozes que exigem o fim imediato da guerra e do bloqueio em Gaza, bem como uma responsabilização efetiva de Israel perante os organismos internacionais.

A gravidade das acusações feitas por uma autoridade oficial da ONU expõe o abismo entre a realidade vivida pelos palestinos e a resposta internacional até agora. Para Albanese, o que se vê no território ocupado é “o novo abismo da crueldade”, patrocinado por potências que se dizem democráticas.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...