Rearmamento da Otan não é ameaça para a Rússia, diz Putin
Presidente russo afirma ter “capacidade de defesa” para lidar com a Otan
247 - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, minimizou os esforços da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para ampliar seu poderio militar. Segundo ele, tais ações não representam risco para seu país. A fala foi registrada durante uma mesa redonda com representantes de agências de notícias estrangeiras em São Petersburgo, nesta quinta-feira (19).
Segundo a RFI, Putin afirmou que a Rússia possui os meios necessários para proteger seu território e manter sua soberania frente ao que chamou de “rearmamento” da aliança ocidental. “Não consideramos qualquer rearmamento da Otan uma ameaça à Federação Russa, porque somos autossuficientes em questões de segurança”, declarou. “Estamos constantemente aprimorando nossas forças armadas e nossas capacidades de defesa”, ressaltou.
A Otan, que se prepara para uma nova cúpula na próxima semana em Haia, na Holanda, vem pressionando seus membros a aumentarem os investimentos em defesa. O movimento ocorre em meio à guerra na Ucrânia, iniciada com a ofensiva militar russa em 2022. Putin reconheceu que um eventual aumento dos gastos militares dos países membros da Otan, chegando a 5% de seus PIBs, pode impor dificuldades à Rússia, mas classificou tal medida como “sem sentido” para os próprios integrantes da aliança. “Combateremos todas as ameaças que surgirem”, afirmou. “Não há dúvida sobre isso”, completou.
O presidente russo voltou a enquadrar a guerra na Ucrânia como parte de um embate maior contra a Otan, à qual atribui o papel de ameaça “existencial” às fronteiras russas. E, apesar da estagnação nas tentativas de negociação para a paz, disse estar aberto a uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky — com uma condição. “Estou até pronto para me encontrar (com Zelensky), mas somente se for a fase final” das tratativas, afirmou.
Putin, no entanto, contestou a legitimidade do atual mandatário ucraniano, cujo mandato encerrou-se formalmente em maio de 2024. A Ucrânia não realizou eleições presidenciais em função da imposição da lei marcial e dos combates em curso. Mesmo assim, Putin declarou: “Estou pronto para me encontrar com todos, até com Zelensky. Essa não é a questão.” E completou: “Se o Estado ucraniano confia em uma pessoa em particular para liderar as negociações, meu Deus, pode ser Zelensky. Não importa quem negocie, mesmo que seja o atual chefe do regime.”
Do lado ucraniano, o impasse se mantém. A proposta de cessar-fogo incondicional foi rejeitada por Moscou, enquanto Kiev classificou as exigências russas como “ultimatos”. As conversas de paz, que tiveram início sob a mediação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — reeleito em 2024 para um segundo mandato —, estão atualmente paralisadas. A Ucrânia busca garantias de segurança da Otan antes de qualquer avanço.
Putin também sinalizou desejo de discutir a reconfiguração da segurança europeia com Trump, como parte das negociações de paz. No entanto, até o momento, os dois lados seguem entrincheirados em suas posições.
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