Petróleo cai 7% após Irã atacar base militar dos EUA no Catar, e não navios-tanque
Mercado recuou mais de US$ 5 por barril diante da ausência de bloqueio no Estreito de Ormuz, apesar do ataque iraniano à base de Al Udeid
247 - Os preços do petróleo registraram forte queda nesta segunda-feira (23), após o Irã realizar um ataque com mísseis à base aérea dos Estados Unidos em Al Udeid, no Catar — a maior instalação militar americana no Oriente Médio.
Segundo duas autoridades ouvidas pela Reuters, não houve vítimas entre os militares norte-americanos. A informação de que Teerã não interromperia o tráfego no Estreito de Ormuz, rota crucial para o comércio global de petróleo, foi determinante para o recuo abrupto nas cotações.
De acordo com a agência Reuters, os contratos futuros do Brent encerraram o dia em baixa de US$ 5,53, uma retração de 7,2%, cotados a US$ 71,48 o barril. O índice de referência europeu operou dentro da maior faixa de volatilidade desde julho de 2022. Já o WTI (West Texas Intermediate), usado como referência nos Estados Unidos, sofreu a mesma queda percentual, também de US$ 5,53, fechando a US$ 68,51 por barril.
Estreito de Ormuz segue aberto, e mercado respira aliviado
Apesar do temor inicial de que Teerã pudesse bloquear o Estreito de Ormuz — por onde circula cerca de 20% do petróleo transportado por via marítima no mundo — o Irã limitou sua retaliação à base americana no Catar, poupando o fluxo de exportações de petróleo e gás. Ainda assim, a tensão na região provocou reações nos mercados logo no início do pregão asiático, com o Brent chegando a subir quase 6% diante da incerteza sobre o alcance da resposta iraniana.
"Os fluxos de petróleo, por enquanto, não são o alvo principal e provavelmente não serão afetados; acho que será uma retaliação militar contra as bases dos EUA e/ou uma tentativa de atingir mais alvos civis israelenses", afirmou John Kilduff, sócio da Again Capital.
Segundo a consultoria Energy Aspects, o fato de o ataque ter sido direcionado a uma base bem protegida e não ter causado vítimas pode indicar uma estratégia iraniana para conter uma escalada. "A menos que haja indicações de novas retaliações iranianas ou de uma escalada por parte de Israel e dos EUA, poderemos ver algum prêmio de risco geopolítico sair do preço nos dias seguintes", avaliou a consultoria.
Petróleo e gás seguem fluindo, mas empresas recuam da região
Não houve registro de paralisação nas operações da QatarEnergy, estatal do Catar, nem interrupções na produção ou no envio de gás natural liquefeito, segundo uma fonte próxima à empresa. Ainda assim, gigantes do setor como BP, TotalEnergies e Eni evacuaram parte de suas equipes que atuam em campos de petróleo no Iraque, informou a Basra Oil Company.
Embora o Irã tenha declarado que os bombardeios norte-americanos às suas instalações nucleares ampliaram a lista de alvos "legítimos", a escalada tem sido até o momento contida. Pelo menos dois superpetroleiros alteraram suas rotas ou interromperam suas viagens nas imediações do Estreito de Ormuz após os ataques dos EUA, mostram dados de rastreamento marítimo.
“De certa forma, já vimos esse filme antes. Todas as tensões geopolíticas que vimos no Oriente Médio, seja em Israel, Irã ou outros, ainda não vimos o fechamento do Estreito de Ormuz, embora a questão sempre apareça”, comentou Andy Lipow, presidente da Lipow Oil Associates.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: