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Paralisação nos EUA deixa servidores sem salários e pressiona Congresso

Mais de 250 mil funcionários já foram afetados e dois milhões podem ser atingidos na terceira semana do shutdown

Uma placa fechada é exibida do lado de fora da Galeria Nacional de Arte quase uma semana após o início de uma paralisação parcial do governo em Washington, DC, EUA, em 7 de outubro de 2025 (Foto: REUTERS/Annabelle Gordon)

247 - A paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, que entrou em sua segunda semana, já deixou mais de 250 mil servidores federais sem salário. O atual presidente Donald Trump e o Congresso permanecem em impasse sobre o orçamento, o que aumenta a pressão política e expõe trabalhadores a dificuldades financeiras imediatas.

Segundo a Bloomberg, se o bloqueio se prolongar por mais uma semana, outros dois milhões de funcionários deixarão de receber. O impacto dos contracheques atrasados aprofunda a crise e força parlamentares a buscar uma saída para reabrir a máquina pública.

Trump questiona pagamento retroativo

O governo Trump elevou a tensão ao sinalizar que os servidores não terão garantia de receber os salários retroativos quando a paralisação terminar, rompendo uma prática de mais de 40 anos e contrariando a lei aprovada em 2019.

“Depende muito de quem estamos falando, mas, em geral, vamos cuidar do nosso pessoal. Há algumas pessoas que realmente não merecem ser cuidadas, e nós vamos tratá-las de outra forma”, declarou Trump a jornalistas na Casa Branca.

A estratégia faz parte de um cálculo político: aumentar a pressão sobre bases democratas, ao mesmo tempo em que protege setores considerados essenciais, como militares e forças de imigração. O presidente também ameaça anunciar demissões em massa e suspender recursos federais destinados a projetos em redutos democratas.

Custos econômicos crescentes

Economistas alertam para consequências mais severas do que em shutdowns anteriores. Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon, estima que cada semana de paralisação retire 0,1 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, devido à queda no consumo das famílias.

O precedente mais grave ocorreu entre 2018 e 2019, quando uma paralisação de 35 dias provocou atrasos em aeroportos, após aumentos de faltas entre agentes da Administração de Segurança no Transporte (TSA). Agora, o risco é de efeitos ainda mais amplos em setores como logística e aviação.

Reação sindical

Everett Kelley, presidente da Federação Americana de Empregados Governamentais, que representa 820 mil trabalhadores, criticou duramente a situação. “Qualquer pessoa que minimize o fato de os funcionários públicos não estarem recebendo seus salários deveria parar e pensar em como pagaria suas contas se isso acontecesse com ela”, afirmou.

Cresce a pressão política

Os democratas acusam a Casa Branca de usar servidores como moeda de troca na negociação orçamentária. Eles exigem que a lei de gastos inclua subsídios de saúde, enquanto Trump insiste em manter sua estratégia de endurecimento.

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