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EUA: Senado rejeita orçamento republicano e paralisação continua

Impasse sobre orçamento mantém Washington paralisada e aumenta pressão sobre trabalhadores federais

Líder da minoria na Câmara dos EUA, Hakeem Jeffries (D-NY), e outros membros democratas da Câmara realizam uma coletiva de imprensa na Escadaria da Câmara um dia antes de uma paralisação parcial do governo entrar em vigor no Capitólio em Washington, DC, EUA, 30 de setembro de 2025 (Foto: REUTERS/Annabelle Gordon)

247 - O Senado dos Estados Unidos rejeitou nesta sexta-feira (3) um projeto de financiamento temporário apresentado pelos republicanos, prolongando o fechamento parcial do governo, que já entra em seu terceiro dia. A decisão amplia o impasse em torno do orçamento e eleva a incerteza para milhares de servidores federais.

Segundo a agência Bloomberg, a derrota legislativa ocorre em meio à pressão do presidente Donald Trump, que ameaça demitir funcionários e retaliar opositores políticos. Sem acordo, os senadores deixaram Washington para o fim de semana, enquanto a Câmara dos Representantes só deverá votar novamente em meados de outubro.

Conflito sobre saúde e cortes de gastos

Os democratas recusaram pela quarta vez uma proposta republicana sem contrapartidas para reabrir o governo até 21 de novembro. Em resposta, os republicanos também bloquearam uma alternativa democrata que previa US$ 1,5 trilhão em novos gastos, majoritariamente voltados à saúde.

O líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, acusou Trump de agir com crueldade. “O comportamento vingativo de Donald Trump e de seus aliados republicanos como parte desta paralisação só serve para destacar a crueldade desta administração”, declarou.

Jeffries relatou ainda que, em reunião no Salão Oval, Trump parecia disposto a discutir mudanças no sistema de saúde, mas horas depois publicou um vídeo manipulado por inteligência artificial retratando-o de forma caricata. “Foi racista, mas não há como evitar negociações com o presidente”, afirmou o parlamentar.

Reações e endurecimento de posições

Do lado republicano, o presidente da Câmara, Mike Johnson, alertou para os efeitos prolongados do fechamento. “Se mantiverem o governo fechado, ficará cada vez mais doloroso”, disse. Johnson acenou com a possibilidade de negociar subsídios do Obamacare em outubro, mas condicionou qualquer conversa à reabertura do governo.

A senadora democrata Patty Murray, presidente do comitê de gastos, rebateu as ameaças de Trump de demitir servidores. “Um fechamento não dá ao presidente qualquer poder adicional para demitir pessoas”, afirmou, acrescentando que medidas do tipo seriam contestadas judicialmente.

Estados e empregos em risco

Democratas também criticam o diretor de orçamento da Casa Branca, Russ Vought, que já teria preparado cortes em agências e ameaçado suspender bilhões de dólares em projetos de infraestrutura em Nova York, Chicago e em energia limpa em estados governados por democratas. Para o partido, essas medidas colocam empregos em risco e devem pesar nas eleições de meio de mandato em 2026.

Enquanto isso, a expectativa de acordo diminuiu. O senador Mike Rounds, republicano de Dakota do Sul, avaliou que as negociações devem se tornar ainda mais difíceis quando a Câmara voltar às atividades. “Você só vai ter mais combustível no fogo”, disse.

Alvos da pressão política

Republicanos esperam conquistar apoio de democratas moderados e de parlamentares de estados competitivos, como New Hampshire, Michigan, Virgínia, Arizona e Nevada. Esses senadores participaram de conversas informais, mas a desconfiança em relação ao presidente é forte.

Para os democratas, manter os gastos governamentais é a única forma de preservar os subsídios do Obamacare. “Estamos todos resistindo aqui para proteger a saúde das pessoas”, declarou a senadora Amy Klobuchar, de Minnesota, pouco antes da votação.

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