Palestinos retornam a Gaza após cessar-fogo entre Israel e Hamas permanecer estável
A trégua mediada pelos Estados Unidos trouxe esperança a milhares de famílias, enquanto Donald Trump prepara viagem a Israel e Egito
247 – Milhares de palestinos começaram a retornar ao norte da Faixa de Gaza neste sábado (11), em meio à trégua entre Israel e o grupo Hamas, que segue se mantendo firme após dias de cessar-fogo. A informação foi divulgada pela agência Reuters, que acompanha a movimentação de famílias que, após meses de guerra, caminham ou utilizam veículos improvisados para tentar voltar às suas casas em ruínas.
“É um sentimento indescritível; graças a Deus”, disse Nabila Basal, enquanto caminhava com a filha, que sofreu um ferimento na cabeça durante o conflito. “Estamos muito, muito felizes que a guerra tenha parado e o sofrimento tenha acabado.”
Acordo mediado pelos Estados Unidos
As tropas israelenses recuaram como parte da primeira fase do acordo negociado pelos Estados Unidos para encerrar a guerra, que deixou dezenas de milhares de mortos e grande parte de Gaza em escombros. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve se reunir na segunda-feira (13) com líderes de mais de 20 países em Sharm el-Sheikh, no Egito, em uma cúpula internacional para discutir os termos de um acordo de paz permanente.
De acordo com a Reuters, o Hamas deve libertar os últimos reféns israelenses até o meio-dia de segunda-feira, conforme previsto no acordo. Em contrapartida, Israel se comprometeu a libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos detidos durante a guerra.
“Onde viveremos agora?”
Para muitos que retornam, a alegria do cessar-fogo se mistura à dor da destruição total. “Minha casa, que construí há 40 anos, desapareceu em um instante”, lamentou Ahmed al-Jabari, entre os escombros de uma rua na Cidade de Gaza. “Estou feliz que não haja mais sangue, nem morte, mas onde vamos morar? Vamos viver 20 anos em uma tenda?”
A ONU e agências humanitárias já se mobilizam para intensificar o envio de ajuda. A UNICEF anunciou que ampliará o fornecimento de alimentos para crianças desnutridas, itens de higiene e abrigos emergenciais a partir de domingo.
Expectativa em Israel e libertação de reféns
Enquanto isso, em Tel Aviv, milhares se reuniram na Praça dos Reféns, celebrando o cessar-fogo e aguardando o retorno dos sequestrados. Após dois anos de protestos marcados pela dor e pela indignação, a noite foi tomada por aplausos e lágrimas.
O enviado dos EUA ao Oriente Médio, Steve Witkoff, um dos principais articuladores da trégua, discursou ao lado de Jared Kushner e Ivanka Trump. “Sonhei com esta noite. Foi uma longa jornada”, declarou Witkoff, sendo ovacionado pela multidão. “Ao retornarem ao abraço de suas famílias e da nação, saibam que todo o mundo está pronto para recebê-los com amor e braços abertos.”
Entre os familiares, a ansiedade era palpável. “Estamos muito animados, esperando nosso filho e todos os 48 reféns”, disse Hagai Angrest, cujo filho Matan está entre os sobreviventes.
O papel dos Estados Unidos e o plano de Trump
A presença do presidente Donald Trump na região visa consolidar o plano de paz de 20 pontos proposto por Washington, embora ainda haja incertezas sobre sua implementação. Entre os temas pendentes estão o futuro político da Faixa de Gaza e o destino do Hamas, que rejeita as exigências israelenses de desarmamento.
Falando à imprensa na Casa Branca, Trump disse acreditar que “todos estão cansados de lutar” e demonstrou otimismo de que o cessar-fogo se manterá. “Há consenso sobre os próximos passos”, afirmou, embora reconhecendo que “alguns detalhes ainda precisam ser resolvidos”.
Durante sua viagem, Trump também deve discursar no Knesset, o Parlamento israelense — o primeiro presidente norte-americano a fazê-lo desde George W. Bush em 2008.
Uma guerra devastadora
Segundo dados citados pela Reuters, mais de 67 mil palestinos foram mortos desde o início do conflito em 2023, a maioria civis. A guerra começou após o ataque do Hamas a comunidades israelenses em 7 de outubro de 2023, que resultou em 1.200 mortes e 251 sequestros.
Agora, o mundo observa se o cessar-fogo se transformará em uma paz duradoura — e se o acordo liderado por Trump poderá realmente encerrar um dos conflitos mais sangrentos das últimas décadas no Oriente Médio.


