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"Genocídio em Gaza destruiu o soft power de Israel", diz José Arbex

Analista geopolítico compara a derrota do sionismo em Gaza à dos nazistas em Stalingrado

"Genocídio em Gaza destruiu o soft power de Israel", diz José Arbex (Foto: Brasil247)

247 – Em entrevista ao programa Forças do Brasil, da TV 247,  o jornalista e analista geopolítico José Arbex Júnior afirmou que houve uma “derrota do sionismo” após dois anos de guerra em Gaza e que “o genocídio em Gaza destruiu o judaísmo”. A conversa, conduzida por Mário Vítor Santos, está disponível no canal da TV 247 sob o título “Forças do Brasil - De volta a Gaza 11.10.25 - YouTube” (fonte original: YouTube/TV 247).

Ao justificar o título que ele mesmo propôs — “derrota do sionismo” —, Arbex argumenta que Israel não alcançou seus objetivos declarados, enquanto a resistência palestina teria ampliado apoio e capacidade de combate. Para o analista, além do revés militar, houve “destruição total” do prestígio internacional israelense, o chamado soft power.

 “O objetivo militar de Israel era acabar com Ramais. Não conseguiram ocupar Gaza. Não conseguiram os objetivos militares que eles declararam, eles não conseguiram nenhum

Por que arbex fala em derrota do sionismo

Arbex sustenta que as metas centrais de Tel Aviv — destruir o Hamas (“Ramais”, na fala), promover limpeza étnica e ocupar de forma estável a Faixa de Gaza — fracassaram. Ele cita um documento “vazado” do alto comando israelense para afirmar que “hoje o Ramá tem mais militantes do que tinha no começo”, descrevendo a adesão de jovens à resistência após perdas familiares e destruição de infraestrutura.

 “Quanto mais Israel mata, mais aparece voluntários para lutar... são 17 grupos

No terreno interno, ele menciona recusa de reservistas, questionamentos do estado-maior a novas ofensivas e debandada no recrutamento, com discussões sobre uso de mercenários. Na economia, destaca colapso do turismo, paralisação agrícola em zonas de fronteira e dependência do complexo militar-informacional.

 “A economia israelense tá destroçada... do ponto de vista cultural, pior ainda

Stalingrado, Canudos e a ideia de “não se vence um povo”

Para dimensionar o significado da resistência palestina, Arbex compara o momento à Batalha de Stalingrado, derrota crucial do nazismo na Segunda Guerra, e à epopeia de Canudos no Brasil:

 “Gaza é o Canudos do mundo
Você não derrota um povo... enquanto o povo existir, você não derrota esse povo

Erosão moral e cultural

Arbex cita Breno Altman em debate com um rabino para sustentar que a campanha militar em Gaza dilacerou a referência ética associada ao judaísmo:

 “Hoje eu, como judeu, digo que o genocídio em Gaza destruiu o judaísmo, destruiu o legado da cultura judaica

Ele também menciona Yuval Noah Harari para reforçar a ideia de que, mesmo que Israel obtivesse ganhos táticos, “tá destruído do ponto de vista da herança espiritual”.

Acordos de Abraão, 7 de outubro e política dos eua

Ao analisar as causas e desdobramentos, Arbex afirma que a ação de 7 de outubro de 2023 impediu a consolidação dos Acordos de Abraão, o que, em sua leitura, decretaria “o fim da causa palestina”. No plano externo, ele sustenta que o apoio da juventude nos Estados Unidos a Israel teria ruído e pressiona o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump:

 “Pela primeira vez você tem a imensa maioria da juventude nos Estados Unidos contra Israel
Você me mostra um único exemplo do exército que tava vitorioso, pediu cessar fogo. Não existe... E Israel pediu [cessar] fogo

Região em ebulição e retorno a Gaza

Arbex critica a postura de monarquias do Golfo — como Qatar e Arábia Saudita — e exalta demonstrações de solidariedade do Iêmen. Comentando imagens de multidões voltando à Cidade de Gaza, ele ressalta a expressão “sanaú” (“voltaremos”), símbolo da persistência palestina:

Eles estão voltando para a terra deles... essa imagem é uma imagem para a história

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