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ONU confirma: Israel é culpado de genocídio em Gaza

Declaração das Nações Unidas confirma uma das maiores agressões da história da Humanidade

Israel já assassinou mais de 16.500 crianças em Gaza durante o genocídio (Foto: Reuters)

247 - Uma comissão de inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que Israel cometeu genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza. A denúncia consta em um relatório publicado nesta semana e divulgado, que indica que quatro dos cinco atos tipificados como genocidas no direito internacional foram praticados desde o início do genocídio em outubro de 2023.

De acordo com a Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os Territórios Palestinos Ocupados, há evidências de assassinatos em massa, danos físicos e psicológicos graves, imposição de condições de vida letais e medidas para impedir nascimentos, caracterizando crimes previstos na Convenção de Genocídio de 1948.

Evidências apresentadas pelo relatório

O documento sustenta que autoridades israelenses e suas forças militares realizaram ataques sistemáticos contra civis, destruíram infraestruturas vitais e bloquearam a entrada de ajuda humanitária, água, energia e combustível na região. Também cita a destruição da maior clínica de fertilidade de Gaza, em dezembro de 2023, que teria levado à perda de milhares de embriões e amostras reprodutivas.

Segundo a presidente da comissão, Navi Pillay, ex-alta comissária da ONU para os direitos humanos, as declarações de líderes israelenses reforçam a acusação. Ela destacou em entrevista à BBC:

"Já em 7 de outubro de 2023, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu infligir 'vingança poderosa' em todos os lugares onde o Hamas estivesse. Sua fala sobre a 'cidade maligna' implicava que toda Gaza seria responsabilizada e alvo dessa retaliação".

Pillay afirmou ainda que "a intenção genocida foi a única inferência razoável" diante do padrão de conduta observado em Gaza.

Reação de Israel

O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou categoricamente as conclusões, classificando o relatório como "distorcido e falso". Um porta-voz acusou os três especialistas da comissão de agirem como "representantes do Hamas" e de basearem suas análises em "falsidades”

Em resposta, autoridades israelenses insistiram que as operações têm como objetivo exclusivo enfraquecer o Hamas, e não a população palestina. O governo afirma ainda que suas forças atuam em conformidade com o direito internacional, adotando medidas para reduzir riscos a civis.

Contexto do genocídio e implicações internacionais

A ofensiva israelense em Gaza resultou na morte de ao menos 64.905 pessoas até agora, conforme dados do Ministério da Saúde do território, administrado pelo Hamas. Além disso, mais de 90% das moradias foram danificadas ou destruídas, e sistemas de saúde, água e saneamento entraram em colapso.

O relatório atribui a responsabilidade do genocídio diretamente ao Estado de Israel, apontando falhas em prevenir e punir os crimes. O documento também alerta que todos os países signatários da Convenção de Genocídio têm a obrigação imediata de agir para "prevenir e punir" tais atos, sob risco de se tornarem cúmplices.

Organizações internacionais de direitos humanos, acadêmicos e especialistas independentes já vinham acusando Israel de genocídio. Paralelamente, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) analisa um processo aberto pela África do Sul, que acusa Tel Aviv de genocídio — ação que o governo israelense considera "infundada e baseada em alegações falsas".

O debate amplia a pressão internacional sobre Israel, que se vê cada vez mais isolado diante das denúncias formais em instâncias multilaterais.

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