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Netanyahu defende ataque no Catar como saída para guerra em Gaza

Premiê israelense afirma que eliminar líderes do Hamas facilitaria acordo; ofensiva gera críticas internas e internacionais

Benjamin Netanyahu em Jerusalém - 21/5/2025 (Foto: REUTERS/Ronen Zvulun/Pool)

247 - O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, justificou neste sábado (13) sua decisão de atacar uma reunião do Hamas em Doha, no Qatar, realizada na última terça-feira (9). A informação foi divulgada originalmente pela Folha de S.Paulo. Segundo Netanyahu, a eliminação da liderança da facção palestina seria suficiente para encerrar a guerra na Faixa de Gaza.

Apesar da justificativa, o ataque não atingiu os principais dirigentes do Hamas. “Os chefes terroristas do Hamas vivendo no Qatar não se importam com as pessoas em Gaza. Eles bloquearam todas as tentativas de cessar-fogo com o objetivo de prolongar a guerra indefinidamente. Se livrar deles removeria o principal obstáculo para libertar os reféns e encerrar a guerra”, escreveu o premiê em inglês, na rede X.

Condenação internacional e atritos com aliados

A ofensiva aérea de Israel contra o Qatar — país que sedia as negociações de cessar-fogo — gerou forte reação internacional. Reino Unido, França e Alemanha criticaram publicamente o ataque. Já o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou apenas que foi informado da operação e reafirmou apoio ao Qatar, aliado estratégico de Washington no Oriente Médio e sede da maior base aérea americana na região.

A decisão também encontrou resistência dentro de Israel. De acordo com reportagem do Financial Times, a Mossad teria rejeitado a ideia de executar em solo qatari uma operação de assassinato contra os líderes do Hamas, temendo o colapso das relações diplomáticas com Doha, que desempenha papel central como mediador nas negociações de trégua.

Vozes das famílias de reféns

Os familiares de israelenses ainda em poder do Hamas reagiram com indignação. “Essa semana vimos o desastre do primeiro-ministro, que apostou com a vida dos reféns e tentou eliminar o time de negociadores do Hamas durante conversas para libertar nossos filhos”, declarou Einav Zangauker, mãe de Matan, sequestrado pelo grupo.

Ela acrescentou: “Mas não foi o Hamas que Netanyahu tentou matar — foi a chance das famílias de recuperar nossos entes queridos. Foi nossa esperança, como cidadãos, de viver vidas normais, nosso sionismo e o futuro do nosso Estado”.

Outro parente, Itzik Horn, também criticou duramente a postura de Netanyahu: “Um louco, junto com um bando de malucos chamado de gabinete do primeiro-ministro, decidiu fazer tudo em seu poder para matar meu filho Eitan”.

Escalada da ofensiva em Gaza

Enquanto o debate político se intensifica, os ataques em solo palestino continuam. Neste sábado, bombardeios israelenses contra a Cidade de Gaza deixaram pelo menos 40 mortos, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

A ofensiva já provocou o deslocamento de 280 mil pessoas, de acordo com dados do Exército israelense. Cerca de 700 mil civis ainda permanecem na capital da Faixa de Gaza, sob risco permanente de novos ataques.

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