Candidato a prefeitura de Nova York promete prender Netanyahu se ele for à cidade
Zohran Mamdani afirma que cumprirá mandado do TPI contra o premiê israelense caso seja eleito prefeito
247 - Zohran Mamdani, candidato democrata à prefeitura de Nova York e favorito nas pesquisas, reafirmou sua promessa de ordenar a prisão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, caso ele entre na cidade. O parlamentar declarou que pretende cumprir o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), segundo informou o jornal The New York Times nesta sexta-feira (12).
Em entrevista ao diário norte-americano, Mamdani declarou que Netanyahu é um “criminoso de guerra” responsável por genocídio em Gaza. Segundo ele, prender o premiê israelense mostraria que Nova York “se posiciona em defesa do direito internacional”. O democrata disse que, se eleito, ordenará à polícia local que execute a detenção já no aeroporto.
Impasse legal e reação de Washington
Especialistas jurídicos ouvidos pelo NYT avaliaram que a medida seria inviável, além de possivelmente ilegal, já que os Estados Unidos não reconhecem a jurisdição do TPI. O atual presidente Donald Trump chegou a punir o tribunal em fevereiro, alegando que não tem autoridade sobre norte-americanos nem sobre Israel.
Mamdani, no entanto, sustentou que não recuará. “Este é um compromisso que pretendo cumprir”, afirmou. Ele comparou sua postura ao ato de Gavin Newsom, atual governador da Califórnia, que em 2004, como prefeito de São Francisco, emitiu licenças de casamento a casais homoafetivos em desafio à lei federal.
Conflito político em Nova York
A promessa de prender Netanyahu provoca divisões na cidade que abriga a segunda maior comunidade judaica do mundo. Embora pesquisas indiquem que a maioria dos nova-iorquinos apoia os palestinos na guerra em Gaza, parte das lideranças judaicas demonstra preocupação com as posições do candidato.
Mamdani já havia sido criticado por não condenar o lema “globalizar a intifada”, embora depois tenha dito que desencorajaria seu uso. Ainda assim, manteve a acusação de que o premiê israelense é responsável por crimes de guerra.
Seu principal rival, o ex-governador Andrew Cuomo, assumiu posição contrária. Defensor de Israel, chegou a se oferecer para integrar a defesa de Netanyahu após a emissão do mandado do TPI.
Netanyahu e o TPI
O Tribunal Penal Internacional acusa Netanyahu de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, ao privar deliberadamente civis de Gaza de alimentos, água e medicamentos. Segundo autoridades de saúde locais, mais de 60 mil palestinos foram mortos na ofensiva israelense desde 2023.
Netanyahu, por sua vez, afirma que a guerra é necessária até que o Hamas entregue as armas e libere reféns capturados no ataque de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil mortos em Israel. Em julho, ironizou as declarações de Mamdani e disse não estar preocupado com a possibilidade de prisão.
Juristas lembram que, mesmo que Mamdani vença a eleição, sua promessa enfrentaria barreiras jurídicas. O ex-comissário legal da polícia nova-iorquina George Grasso chamou a proposta de “bizarra” e destacou que o departamento pode recusar ordens que excedam sua autoridade. Além disso, Netanyahu teria direito a imunidade por ser chefe de Estado.
Apesar das dificuldades, Mamdani insiste que seu objetivo é simbólico e político. “É meu desejo garantir que esta seja uma cidade que se ergue em defesa do direito internacional”, declarou.