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      Netanyahu aposta no fracasso das negociações com Hamas para justificar ofensiva por ocupação total de Gaza

      Primeiro-ministro israelense endurece exigências para criar impasses

      Bandeiras do Hamas (verde), de Israel e Benjamin Netanyahu (Foto: Reuters)

      247 - O jornal Haaretz revelou neste domingo (24) que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está contando com a recusa do Hamas às suas exigências para um acordo de cessar-fogo, o que abriria caminho para uma nova fase da ofensiva em Gaza. Após 18 meses de arranjos temporários, uma delegação israelense deve partir nos próximos dias para o Cairo, em negociações que, segundo analistas citados pelo veículo, tendem mais a prolongar o impasse do que a selar a paz.De acordo com o Haaretz, Netanyahu insiste em condições que dificilmente serão aceitas pelo Hamas, como a exigência de que Israel mantenha controle direto sobre entre 20% e 25% da Faixa de Gaza, incluindo o estratégico Corredor Filadélfia. Além disso, o premiê defende que Tel Aviv decida quem governará o território após o fim do conflito, vetando tanto o Hamas quanto a Autoridade Palestina.

      Pressões internas e cálculo político

      O endurecimento da postura de Netanyahu estaria diretamente relacionado ao peso de seus aliados de extrema-direita, Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir. Para eles, qualquer concessão ao Hamas seria motivo para romper a coalizão e forçar eleições antecipadas. Assim, o primeiro-ministro prefere se apoiar em exigências intransigentes que inviabilizam a mesa de negociações.

      A estratégia também dialoga com sua campanha política: Netanyahu pretende transformar em ativo eleitoral a manutenção de áreas ocupadas e a promessa de “evitar que o Hamas retome o controle de Gaza”.

      Trump e a política externa dos EUA

      O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principal pilar de sustentação externa de Netanyahu, em recente declaração na Casa Branca, reiterou seu apoio a Israel, embora tenha causado polêmica ao minimizar o número de reféns ainda vivos em Gaza — informação que, segundo fontes de defesa, não corresponde às avaliações oficiais de inteligência.

      Apesar do respaldo público, Gaza não é prioridade para a administração Trump, cuja atenção se concentra em negociações sobre Rússia e Ucrânia, além da crise na Síria. Ainda assim, o apoio do republicano é visto por Netanyahu como essencial para contrabalançar o desgaste de Israel na Europa e fortalecer sua narrativa interna.

      Conflito na Síria e novas tensões regionais

      A reportagem do Haaretz também menciona o incômodo da Casa Branca com recentes ataques israelenses a Damasco. Trump e seu enviado Tom Barrack teriam reprovado duramente a ação, impondo limites à ofensiva israelense contra o governo de Ahmad al-Sharaa. Em contrapartida, Israel busca manter o controle do Monte Hermon, tomado sem resistência em dezembro, considerado trunfo estratégico para Netanyahu.

      Com negociações frágeis e interesses políticos em jogo, a perspectiva de um cessar-fogo efetivo em Gaza permanece distante. Para o premiê israelense, o fracasso diplomático pode ser o argumento necessário para justificar uma ocupação mais ampla do território palestino.

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