Marco Rubio alerta que anexação da Cisjordânia ameaça plano de Trump para Gaza
Secretário de Estado dos EUA critica votação no Knesset e diz que anexação israelense pode comprometer esforços de paz
247 - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou nesta quarta-feira (22) que a decisão do Knesset — o parlamento israelense — de votar pela anexação da Cisjordânia pode colocar em risco o plano do presidente Donald Trump para encerrar a guerra de Israel contra os palestinos.
De acordo com o jornal Times of Israel, Rubio declarou antes de embarcar para Israel que “eles aprovaram uma votação no Knesset, mas o presidente deixou claro que não é algo que apoiaríamos agora”. O secretário acrescentou ainda: “achamos que há potencial para [isso ser] uma ameaça ao acordo de paz”.
Na quarta-feira, o Knesset aprovou, em leitura preliminar, dois projetos de lei que buscam aplicar a soberania israelense sobre todos os assentamentos da Cisjordânia e outro, mais restrito, que prevê a anexação de uma grande cidade-assentamento.
As medidas agora seguem para análise de comissões parlamentares e ainda precisarão passar por três novas votações antes de serem implementadas. Apesar da pressão de setores da coalizão governista por uma postura mais dura, o governo teme que a decisão provoque uma crise diplomática com Washington.
Trump se opõe à anexação e alerta para riscos regionais
O presidente Donald Trump reiterou que não permitirá a anexação da Cisjordânia. “Não vou permitir que Israel anexe a Cisjordânia”, declarou. “Já foi o bastante. É hora de parar agora.”
Segundo fontes israelenses, a Casa Branca vê a iniciativa como um risco à integração regional e aos esforços diplomáticos que buscam envolver países árabes no processo de paz. O próprio Netanyahu teria manifestado preocupação com o impacto negativo da medida sobre as relações bilaterais.
Reações internacionais e alerta árabe
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, e outros membros do gabinete, como o ministro da Justiça Yariv Levin e o ministro da Defesa Israel Katz, apoiam a anexação, argumentando que ela consolidaria o controle de Israel sobre territórios estratégicos. No entanto, países árabes alertaram que essa decisão poderia pôr fim à aproximação de Israel com seus vizinhos.
Um alto funcionário dos Emirados Árabes Unidos classificou a anexação como uma “linha vermelha” que marcaria o “fim da integração regional”. Já a Arábia Saudita condenou a votação do Knesset, afirmando que ela busca “legitimar a soberania israelense sobre assentamentos coloniais ilegais”.
“O reino enfatiza sua completa rejeição a todos os assentamentos e violações expansionistas perpetradas pelas autoridades de ocupação israelenses”, declarou o Ministério das Relações Exteriores saudita. A nota também reafirmou o apoio ao “direito histórico do povo palestino de estabelecer seu Estado independente nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital”.
Visita diplomática e tentativa de estabilizar a região
Rubio desembarca em Israel nesta quinta-feira (23) para reforçar a execução do “plano de paz” de Donald Trump, descrito pelo Departamento de Estado como “uma iniciativa de apoio internacional sem precedentes”.
Ele será acompanhado pelo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, que já se encontra em Israel, enquanto Washington tenta assegurar que o cessar-fogo firmado recentemente entre Israel e o Hamas seja mantido e que as próximas etapas do acordo avancem.
A crise desencadeada pela votação no Knesset, no entanto, adiciona um novo elemento de tensão ao cenário regional e ameaça os esforços diplomáticos dos Estados Unidos para estabilizar o Oriente Médio.


