Mais 20 barcos se somam à Flotilha Global Sumud na Tunísia para romper bloqueio a Gaza
Cerca de 300 ativistas de 44 países participam da maior missão humanitária rumo à Faixa de Gaza em solidariedade ao povo palestino
247 - A Flotilha Global Sumud continua recebendo reforços na missão de levar ajuda humanitária a Gaza. De acordo com a Telesur, cerca de 20 embarcações devem se unir em portos da Tunísia ainda nesta semana, em um esforço internacional que conta com 300 ativistas de 44 nacionalidades. O objetivo central é “romper o bloqueio israelense” e abrir um “corredor humanitário popular” para aliviar a fome e as consequências da ofensiva militar sobre o enclave palestino.Segundo dados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), a desnutrição em Gaza atingiu 28,5% da população em meados de agosto, com quase uma em cada três crianças em situação de fome. As autoridades de saúde locais já registraram pelo menos 300 mortes diretamente ligadas à desnutrição nos últimos meses, quadro agravado pela falta de acesso a serviços médicos básicos.
Avanço da flotilha e desafios logísticos
O jornalista espanhol Néstor Prieto, que acompanha a missão, afirmou que “apesar das dificuldades técnicas e climáticas que atrasaram o cronograma, a Flotilha Global Sumud já navega em direção à Tunísia, onde se espera que mais vinte navios se juntem a esta missão humanitária que busca romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza”.A jornalista norte-americana Hannah Smith, porta-voz da flotilha, explicou que os atrasos ocorreram porque os próprios ativistas tiveram de adquirir e equipar as embarcações em tempo recorde. “Nós mesmos tivemos que comprar e equipar esses navios em apenas dois meses, e essas coisas acontecem quando os civis têm que fazer o que os governos deveriam estar fazendo”, afirmou.O brasileiro Thiago Ávila, integrante da organização, destacou o equilíbrio necessário entre urgência e cautela: “Nesta missão, enfrentaremos muitos desafios que envolvem atrasos, e sempre priorizamos a segurança, mantendo o senso de urgência”.
Solidariedade internacional em expansão
Portos na Tunísia e na Sicília (Itália) estão finalizando os preparativos para receber as embarcações, que deverão se reagrupar até o fim da semana antes de partir para Gaza, em uma viagem que pode durar até nove dias.A mobilização internacional não se limita à flotilha. Recentemente, estivadores italianos bloquearam o carregamento de armas em Salerno, na região da Campânia, em ato de protesto contra a guerra. O sindicalista Gerardo Arpino, secretário provincial da FILT, afirmou: “Os estivadores de Salerno não pretendem de forma alguma contribuir para alimentar os crimes de guerra e o massacre que o governo israelense está realizando contra a indefesa população palestina”.
Uma iniciativa histórica
Em entrevista à Telesur, Néstor Prieto Amador classificou a ação como “histórica” e ressaltou que se trata da maior iniciativa humanitária em direção a Gaza neste ano, após três tentativas frustradas da coalizão Flotilha da Liberdade.
O jornalista também criticou a postura de governos ocidentais que, apesar de terem assinado convenções internacionais, se omitem diante do uso da fome como arma de guerra. “Em um cenário de privação total dos direitos humanos palestinos, é a sociedade civil que deve se mobilizar e romper com a recusa de Israel em permitir a entrada de jornalistas internacionais e ajuda humanitária”, declarou.
A expectativa é que a Flotilha Global Sumud siga como símbolo de resistência e solidariedade, levando não apenas alimentos e suprimentos, mas também visibilidade internacional à crise humanitária que assola Gaza.