Maioria dos judeus nos EUA está insatisfeita com gestão Netanyahu em Israel, diz pesquisa
Levantamento do The Washington Post mostra que comunidade judaica americana critica condução do genocídio em Gaza
247 – Uma pesquisa divulgada pelo jornal americano The Washington Post, reproduzida pelo portal RT Brasil, revelou um cenário de forte insatisfação entre os judeus dos Estados Unidos em relação à gestão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e à condução do genocídio na Faixa de Gaza. O levantamento mostra que 68% dos entrevistados avaliam negativamente a liderança de Netanyahu, sendo que quase metade (48%) considera seu governo “ruim”.
De acordo com o estudo, realizado entre 2 e 9 de setembro com 815 judeus americanos, há uma crescente distância entre a comunidade judaica nos EUA e uma liderança israelense cada vez mais conservadora. A margem de erro é de 4,7 pontos percentuais para mais ou para menos.
Apesar das críticas ao governo israelense, a ampla maioria dos entrevistados mantém uma posição firme em relação ao grupo Hamas: 94% afirmam que o movimento palestino cometeu crimes de guerra contra os israelenses. No entanto, o apoio às ações militares de Israel em Gaza divide opiniões — 46% aprovam as operações, enquanto 48% as desaprovam.
Segundo o levantamento, muitos judeus americanos apoiaram inicialmente a ofensiva israelense, mas mudaram de posição diante da escalada da violência e do prolongamento do conflito, que já deixou milhares de mortos e ampliou a crise humanitária na região.
Mesmo com as divergências políticas e éticas, 76% dos judeus americanos consideram a existência de Israel essencial para o futuro do povo judeu, e 58% dizem se identificar com os israelenses. Essa identificação, porém, vem acompanhada de um questionamento crescente sobre os rumos do governo Netanyahu e sua postura em relação aos direitos humanos e à busca pela paz.
Outro dado relevante da pesquisa indica que 60% dos judeus dos EUA defendem a continuidade da ajuda militar americana a Israel. Fora do contexto da guerra, 47% avaliam o apoio dos Estados Unidos como adequado, enquanto 32% o consideram excessivo — percentual que tem aumentado nos últimos anos, refletindo uma tendência de maior crítica às políticas externas do governo de Israel.
O estudo reforça uma percepção já discutida por analistas internacionais: há uma mudança geracional e ideológica entre os judeus americanos, que vêm se distanciando da linha dura representada por Netanyahu e de uma política cada vez mais alinhada à direita israelense.
A pesquisa do The Washington Post evidencia que a guerra em Gaza não apenas expôs divisões dentro de Israel, mas também reconfigura o debate sobre identidade, ética e solidariedade entre judeus nos Estados Unidos e o Estado israelense.