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      Maioria da população dos EUA rejeita política externa de Trump e desaprovação é maior do que em 2020

      Segundo pesquisa, 60% dos estadunidenses reprovam atuação de Trump à frente das relações exteriores

      Presidente dos EUA, Donald Trump - 10/06/2025 (Foto: REUTERS/Nathan Howard)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - Pesquisa conduzida pela CNN e pelo instituto SSRS revela que os Estados Unidos vivem uma mudança de humor em relação ao papel que exercem no mundo, com destaque para a crescente insatisfação com o apoio militar dado a Israel durante o genocídio em Gaza. A proporção de americanos que acreditam que as ações israelenses foram “totalmente justificadas” despencou para 23%, um recuo de 27 pontos percentuais em comparação com outubro de 2023, logo após os ataques do Hamas em 7 de outubro.

      Essa queda se deu entre eleitores de todas as orientações políticas, mas foi mais acentuada entre democratas e independentes. Entre os democratas, o percentual dos que consideravam justificadas as ações israelenses caiu de 38% para apenas 7%. Entre os independentes, o recuo foi de 45% para 14%. Já entre os republicanos, embora a maioria ainda apoie Israel, a queda foi significativa: de 68% para 52%.

      Segundo a reportagem, o levantamento aponta que entre os adultos com menos de 35 anos, apenas 10% consideram que as ações de Israel em Gaza foram totalmente justificadas. Um terço afirma que não foram justificadas de forma alguma. Esse grupo também se mostra mais crítico quanto à intensidade da resposta militar israelense: 61% consideram que Israel usou força excessiva, e 56% dizem que os EUA estão indo longe demais no apoio ao país. A oposição é ainda mais intensa entre jovens democratas, dos quais 72% acham que os EUA oferecem ajuda militar excessiva a Israel. Desse total, 43% defendem a suspensão total da assistência.

      Pessoas de cor compartilham esse ceticismo. Apenas 13% veem as ações de Israel como plenamente justificadas, enquanto 29% dizem que não houve qualquer justificativa. Mais da metade (57%) acredita que a força usada foi desproporcional.

      Os dados mostram uma população dividida: 50% dos americanos acreditam que Israel usou força em excesso na Faixa de Gaza; 39% acham que o uso foi adequado e 10% consideram que foi insuficiente. Quanto ao envolvimento dos EUA, 42% acreditam que o país está fazendo demais para ajudar Israel na guerra contra o Hamas – um crescimento notável em relação a março (34%) e janeiro (33%). A mesma proporção (42%) considera o apoio adequado, e apenas 14% avaliam que os EUA estão fazendo menos do que deveriam. Entre os que acham que o país está fazendo demais, metade defende a redução da ajuda militar e a outra metade propõe seu encerramento completo.

      A crescente rejeição ao apoio militar a Israel ocorre em meio a um movimento mais amplo de recuo da opinião pública americana em relação ao intervencionismo. A maioria dos entrevistados (56%) acredita que os EUA não deveriam assumir um papel de liderança na resolução de problemas internacionais. Em março, essa opinião era dividida.

      Entre os democratas, o recuo foi substancial. Em março, 58% defendiam o protagonismo global dos EUA. Agora, são apenas 44%, o que representa um retorno a patamares anteriores à era Trump – como em 2004 (42%) e 2015 (37%).

      Essa mudança acompanha eventos recentes, como os ataques americanos a instalações nucleares no Irã, considerados profundamente impopulares entre os democratas. A queda no apoio à liderança global também repercute nas opiniões sobre Israel: entre os democratas contrários ao intervencionismo, apenas 25% avaliam que as ações israelenses foram total ou parcialmente justificadas. Entre os favoráveis à liderança, esse número sobe para 61%.

      O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também enfrenta ampla desaprovação quanto à sua gestão da política externa. Segundo o levantamento, 60% dos americanos reprovam sua condução nas relações exteriores (40% aprovam), mesmo índice registrado em abril. Após os ataques ao Irã, também cresceu a desconfiança sobre sua atuação como comandante-chefe: 59% desaprovam, frente a 40% que aprovam. Esse é o maior índice de rejeição desde seu primeiro mandato, superando inclusive o registrado após a morte do general iraniano Qasem Soleimani em 2020.

      Para 53% dos entrevistados, as decisões de política externa de Trump prejudicaram a imagem dos EUA no cenário internacional. Apenas 31% avaliam que suas decisões foram benéficas.

      Apesar de o apoio entre os republicanos ainda ser alto, com 86% aprovando sua política externa e 84% aprovando seu papel como comandante-chefe, apenas 69% acham que suas decisões melhoraram a posição do país no mundo. Outros 15% acham que ele a prejudicou, e 17% dizem que não houve impacto.

      Já entre os democratas, a rejeição é quase unânime: 93% reprovam sua condução das relações exteriores, 91% seu desempenho como comandante-chefe, e 89% afirmam que suas ações pioraram a imagem dos EUA no mundo.

      Os principais nomes da política externa no governo Trump também são vistos de forma negativa pela maioria da população: o vice-presidente J.D. Vance (45% de desaprovação e 33% de aprovação), o Secretário de Estado Marco Rubio (36% a 24%) e o Secretário de Defesa Pete Hegseth (34% a 17%).

      A pesquisa da CNN, conduzida pela SSRS entre os dias 10 e 13 de julho com 1.057 adultos americanos, revela um país em transformação, mais cético sobre seu envolvimento em conflitos internacionais e cada vez mais dividido sobre como lidar com seus aliados. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

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