Macron processa Candace Owens e contrata investigadores para expor ligações com extrema direita
Dossiê revela conexões da influenciadora com políticos ultraconservadores
247 - O presidente francês Emmanuel Macron e a primeira-dama Brigitte Macron entraram com um processo por difamação contra a influenciadora conservadora americana Candace Owens. A ação, apresentada no estado de Delaware, acusa Owens de divulgar “ficções absurdas, difamatórias e inverossímeis” em uma série de podcasts que alcançou milhões de ouvintes. A principal alegação contestada é a de que Brigitte Macron teria nascido homem.
De acordo com informações publicadas pelo Financial Times, o casal contratou a empresa de investigações Nardello & Co, com sede nos Estados Unidos, para levantar dados sobre Owens antes de abrir o processo.
Investigação revela conexões políticas e presença na mídia russa
O relatório produzido pela Nardello & Co mapeou a trajetória pública de Owens, destacando interações nas redes sociais com Alexander Dugin, filósofo nacionalista russo próximo ao Kremlin, e sua aproximação com personalidades da extrema direita na França, Reino Unido e Estados Unidos.
Segundo Dan Nardello, presidente-executivo da firma e ex-promotor federal em Nova York, “os Macrons entraram com esta ação com pleno conhecimento de com quem Owens está alinhada”. O levantamento mostrou ainda que veículos de comunicação estatais russos, como a emissora RT e o canal Tsargrad, repercutiram o conteúdo da série Becoming Brigitte.
Ligações de Owens com a extrema direita francesa
O dossiê apontou uma relação próxima entre Owens e Marion Maréchal, sobrinha da líder de extrema direita Marine Le Pen. Em 2019, Owens foi a principal palestrante da Convention de la Droite, conferência organizada por grupos nacionalistas franceses e que também contou com a presença de Maréchal.
A investigação também identificou sua parceria com Xavier Poussard, ex-editor do periódico Faits et Documents e um dos principais responsáveis por difundir a teoria sobre Brigitte Macron na França. Poussard afirmou ter traduzido seu material para o inglês e enviado para Owens e “outros trumpistas”, o que teria dado “um verdadeiro impulso do entorno de Trump” à narrativa.
Resposta irônica de Candace Owens
Owens reagiu às revelações com ironia, acusando o casal presidencial de gastar grandes somas para tentar “silenciar a paranoia de seu passado”:
“Brigitte Macron foi mais uma vez pega, e entre advogados, equipes internacionais de RP e investigadores, o casal está gastando dinheiro real para silenciar a paranoia de seu passado”
Ela ainda questionou:
“Quanto custou para descobrir que, de 12.704 tweets, retuitei um filósofo russo duas vezes? Ou que, em centenas de eventos, participei uma vez de uma conferência em Paris com Marion Maréchal?”
Conexões internacionais e críticas políticas
O relatório destacou a relação de Owens com o político britânico Nigel Farage — convidado de honra em seu casamento com George Farmer, ex-CEO da rede social Parler — e com o apresentador Tucker Carlson, que já a entrevistou online. O documento também cita suas declarações ofensivas contra o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a quem chamou de “sociopata assassino” e “viciado do bairro”.
Segundo o advogado Tom Clare, cofundador do escritório Clare Locke, a investigação também buscou entender por que uma influenciadora americana decidiu atacar o casal presidencial francês, além de servir como base para apresentar o contexto a um júri. Clare afirmou que Emmanuel e Brigitte Macron estão dispostos a viajar para Delaware e comparecer pessoalmente ao julgamento.