HOME > Mundo

Irã promete retaliação após ataque dos EUA enquanto Trump defende 'mudança de regime'

Enquanto Teerã avalia medidas, incluindo o fechamento do Estreito de Ormuz, tensão cresce no Oriente Médio e preços do petróleo disparam

Ali Khamenei e Donald Trump (Foto: Reuters )

247 - Em meio à escalada das tensões no Oriente Médio, o Irã prometeu retaliar o ataque dos Estados Unidos às suas instalações nucleares, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a defender publicamente a ideia de uma mudança de regime no país persa. As informações são da agência Reuters.

O ataque norte-americano, ocorrido no sábado (21), atingiu a instalação nuclear subterrânea de Fordow, próxima à cidade iraniana de Qom. Imagens de satélite divulgadas pela empresa Maxar Technologies e analisadas por especialistas indicam que o local, considerado estratégico para o programa nuclear iraniano, sofreu graves danos, embora o governo de Teerã não tenha confirmado oficialmente o impacto.

Trump, por sua vez, celebrou o resultado do ataque em sua rede Truth Social, afirmando que "danos monumentais foram causados a todas as instalações nucleares no Irã". Segundo ele, "o maior dano ocorreu bem abaixo do nível do solo. No alvo!!!".

Apesar das ameaças de represália por parte do Irã, Trump endureceu o tom e disse que o governo iraniano "deve fazer a paz agora" ou enfrentará "ataques futuros muito maiores e muito mais fáceis".

O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Dan Caine, detalhou que a ofensiva envolveu o lançamento de 75 munições guiadas de precisão, incluindo bombas destruidoras de bunkers e mísseis Tomahawk, direcionados a três instalações nucleares iranianas.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que, até o momento, não foi registrado aumento nos níveis de radiação fora da instalação atacada. O diretor-geral da entidade, Rafael Grossi, disse em entrevista à CNN que ainda não é possível avaliar os danos ocorridos no subsolo da usina.

Em resposta, o Irã lançou uma série de mísseis contra alvos em Israel, ferindo dezenas de pessoas e provocando destruição em Tel Aviv. Entretanto, Teerã ainda não colocou em prática suas principais ameaças de retaliação, como o ataque a bases militares americanas ou o bloqueio do Estreito de Ormuz, por onde transita uma parte expressiva do petróleo mundial.

Segundo a imprensa iraniana, o parlamento aprovou uma medida autorizando o fechamento do Estreito de Ormuz, medida que, no entanto, ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional, controlado por aliados do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

O simples anúncio dessa possibilidade já foi suficiente para pressionar os mercados internacionais. Nesta segunda-feira (23), os preços do petróleo dispararam, atingindo o maior patamar desde janeiro. O barril do Brent subiu quase 2%, chegando a US$ 78,53, enquanto o petróleo americano West Texas Intermediate avançou para US$ 75,35.

Ciente dos riscos, o governo dos EUA mobilizou forças adicionais para proteger suas tropas na região, incluindo bases no Iraque e na Síria. Além disso, o Departamento de Estado emitiu um alerta mundial pedindo que cidadãos americanos no exterior redobrem os cuidados.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, apelou à China para que convença o Irã a não fechar o Estreito de Ormuz. "Se fizerem isso, será suicídio econômico para eles", declarou em entrevista à Fox News. Segundo Rubio, o bloqueio prejudicaria "as economias de outros países muito mais do que a nossa".

Enquanto isso, Israel mantém suas ofensivas. De acordo com o exército israelense, caças bombardearam alvos militares em Teerã e na cidade de Kermanshah, no oeste do Irã, incluindo radares, infraestrutura de mísseis e lançadores de defesa antiaérea.

As sirenes de ataque aéreo voltaram a soar em Tel Aviv e outras cidades israelenses. Em resposta, o Irã ativou suas defesas aéreas, enquanto a mídia do país relatou bombardeios israelenses sobre Parchin, onde está localizado um complexo militar estratégico. A emissora estatal de Israel informou ainda que um drone militar israelense Hermes foi abatido sobre o território iraniano, o quarto caso do tipo registrado desde o início da crise.

Trump e a retórica da mudança de regime

O presidente dos EUA, Donald Trump, reacendeu o debate sobre uma possível derrubada do governo iraniano. Em publicação na Truth Social, afirmou: "Não é politicamente correto usar o termo 'mudança de regime', mas se o atual regime iraniano não é capaz de TORNAR O IRÃ GRANDE NOVAMENTE, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!!", escreveu, fazendo referência ao slogan de campanha "Make Iran Great Again".

Apesar da fala, integrantes do governo Trump tentaram minimizar a possibilidade. O vice-presidente dos EUA, JD Vance, e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, reiteraram que o objetivo declarado de Washington não é derrubar o regime iraniano, mas sim conter o que chamam de ameaças nucleares.

Por outro lado, autoridades israelenses têm sido mais explícitas quanto ao desejo de mudança no governo iraniano. Segundo analistas, o ataque surpresa lançado por Israel contra o Irã em 13 de junho, que deu início à atual crise, já indicava essa intenção.

Diplomacia e crise global

Em meio à escalada militar, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, viajou a Moscou para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin. Embora mantenha uma aliança estratégica com o Irã, a Rússia também cultiva relações próximas com Israel, o que adiciona complexidade ao cenário diplomático.

Antes do encontro, Araqchi declarou em Istambul que o Irã considera todas as possibilidades de retaliação e que não haverá retorno à mesa de negociações antes de uma resposta efetiva ao ataque dos EUA.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia condenou a ofensiva americana, afirmando que ela viola o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e pode agravar o conflito no Oriente Médio.

O Conselho de Segurança da ONU se reuniu emergencialmente no domingo para discutir a situação. Rússia, China e Paquistão propuseram uma resolução exigindo cessar-fogo imediato e incondicional na região.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou os ataques como "uma reviravolta perigosa" e fez um apelo pelo retorno das negociações sobre o programa nuclear iraniano.

Impacto global

A escalada já afeta o tráfego aéreo internacional. Companhias aéreas estão revendo o uso do espaço aéreo sobre Irã, Iraque, Síria e Israel, uma rota vital para voos entre Europa e Ásia. O site FlightRadar24 mostrou áreas completamente vazias sobre essas regiões no domingo, indicando o temor de novas ofensivas.

Com o risco de uma guerra regional cada vez mais concreto, cresce a pressão internacional para conter a crise. Mas, até o momento, a retórica beligerante de Washington e as represálias de Teerã indicam que a paz no Oriente Médio parece mais distante.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...