Irã pede convocação do Conselho de Segurança da ONU depois da entrada dos EUA na guerra
Teerã pede ação da ONU contra ataques dos EUA a instalações nucleares
247 - O governo do Irã solicitou neste domingo (22) uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) para discutir os ataques realizados pelos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, informa o canal Hispan TV
A carta endereçada ao organismo multilateral condena “nos termos mais fortes” as ações “agressivas, não provocadas e planejadas” por parte de Washington, contra três centros nucleares civis localizados em Natanz, Fordo e Isfahan. Os ataques ocorreram em “plena coordenação” com o regime de Israel.
De acordo com a carta enviada ao presidente do CSNU, os bombardeios norte-americanos representam “uma séria ameaça à paz e à segurança regional e internacional”, além de configurarem um “uso ilegal da força” contra a soberania e a integridade territorial do país persa.
A Missão do Irã criticou o fato de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), manter estoques de armas nucleares e ter um histórico de ataques contra instalações nucleares em diversos países da região. Em contraste, o Irã destacou que suas próprias instalações “sempre estiveram sob monitoramento constante da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”.
O embaixador do Irã na ONU, Amir Said Iravani, argumentou na carta que os Estados Unidos, “único membro da ONU a ter usado armas atômicas em conflitos”, mais uma vez demonstram desprezo pelas normas internacionais. “Sem dúvida, a agressão dos EUA contra a soberania e a integridade territorial da República Islâmica do Irã constitui uma violação flagrante do direito internacional e dos princípios estabelecidos na Carta da ONU”, frisou o diplomata.
Ele citou especificamente o Artigo 2, parágrafo 4 da Carta das Nações Unidas, que proíbe o uso da força ou ameaça contra a integridade territorial e a independência política de qualquer Estado-membro.
Além disso, a representação iraniana em Nova York afirmou que os bombardeios norte-americanos ferem diretamente o Estatuto da AIEA, resoluções da Conferência Geral da Agência, e resoluções do próprio Conselho de Segurança, como a 487 e a 2231 — esta última relacionada ao acordo nuclear de 2015.
No apelo à ONU, a missão iraniana exigiu “medidas imediatas” e pediu que os responsáveis pelos ataques sejam devidamente responsabilizados: “Esta ação ilegal dos Estados Unidos deve ser condenada nos termos mais fortes possíveis e os responsáveis não devem ficar impunes”.
Os ataques norte-americanos foram realizados horas depois de uma nova escalada por parte de Israel, que em 13 de junho já havia bombardeado centros militares, instalações nucleares e áreas civis iranianas. A ofensiva israelense provocou centenas de mortes, incluindo um número elevado de mulheres e crianças, conforme denunciado por autoridades iranianas.
Diante do cenário, o Irã declarou que “reserva todas as opções” para garantir sua legítima defesa, sugerindo que pode tomar medidas em resposta à agressão norte-americana.
O apelo iraniano à ONU ocorre em um momento de grande tensão no Oriente Médio, com risco crescente de alastramento do conflito para outras regiões. A postura dos Estados Unidos, ao lado de Israel, tem sido duramente criticada por diversos países do Sul Global e membros da comunidade internacional que defendem uma solução pacífica e o respeito ao direito internacional.
Agora, a expectativa gira em torno da resposta do Conselho de Segurança da ONU — cuja composição permanente inclui os próprios Estados Unidos — e se a instância será capaz de agir de forma eficaz e imparcial diante das acusações.
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