Irã critica plano dos EUA para desarmar Hezbollah e reafirma apoio à Resistência libanesa
Dirigente iraniano diz que Líbano não precisa de “ordens do outro lado do oceano” e alerta sobre tentativas de Israel de impor sua vontade
247 - O chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Larijani, rejeitou as iniciativas dos Estados Unidos para desarmar o Hezbollah e reafirmou o apoio de Teerã à soberania libanesa. As declarações foram feitas durante coletiva de imprensa conjunta com o presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, em Beirute, e publicadas pela rede Hispantv.
Larijani enfatizou que a República Islâmica “nunca considera seus amigos como ferramentas” e que a Resistência Libanesa tem “inteligência profunda e pensamento amplo”, não precisando ser guiada por outros. Referindo-se ao plano norte-americano que prevê o desarmamento do movimento até o fim deste ano, ele afirmou: “O povo libanês é uma nação racional e pode tomar suas próprias decisões, e respeitamos qualquer decisão que o governo libanês tome em consulta com a Resistência”.
Rejeição à ingerência externa
O dirigente iraniano destacou que a mensagem central de sua viagem é a defesa da independência dos governos da região. “O Líbano não precisa de ordens do outro lado do oceano. Nosso ponto é que cada país tem o direito de decidir seu próprio futuro. Não trouxemos um plano para o Líbano; os americanos trouxeram. Não temos nenhuma interferência em seus assuntos internos ou em suas decisões”, disse.
Ele alertou ainda para a possibilidade de Israel tentar, por meios indiretos, impor ao Líbano o que não conseguiu pela guerra. “Tenham cuidado para não substituir um amigo por um inimigo”, advertiu, classificando a resistência como “um grande trunfo nacional” e ressaltando que, caso solicitado, o Irã está pronto para ajudar o país contra qualquer agressão israelense.
Apoio popular e legado da resistência
A chegada de Larijani a Beirute foi marcada por grande recepção popular no aeroporto, com manifestantes entoando “Labayk ya Nasrallah” em referência a Seyed Hassan Nasrallah, ex-líder do Hezbollah morto em ataque israelense em setembro de 2024.
Vindo de Bagdá, primeira etapa de sua viagem regional, o representante iraniano classificou o Eixo da Resistência — do qual o Hezbollah faz parte — como “parte da própria estrutura da população” e “patrimônio nacional para seus países”. Ele também reiterou que esse movimento não nasceu por ordens externas, mas como reação à ocupação do Líbano e do Iraque por EUA e Israel, defendendo que o Hezbollah seja valorizado.