Líbano aceita plano dos EUA para desarmar o Hezbollah
Governo libanês aprova proposta em quatro fases que prevê retirada de armas do movimento de Resistência
247 - O Gabinete de Ministros do Líbano aprovou nesta quinta-feira (7) o plano apresentado pelos Estados Unidos para o desarmamento progressivo do Hezbollah. A informação foi confirmada pelo ministro da Informação, Paul Morcos, informa a Telesur.
“O Gabinete de Ministros aprovou os parágrafos indicados na proposta dos EUA”, afirmou Morcos a jornalistas. Segundo ele, a proposta contempla a eliminação gradual de grupos armados não estatais, com destaque para o Hezbollah, além do reforço da presença do Exército libanês na região sul do país. A medida visa implementar plenamente o cessar-fogo com Israel, firmado em novembro de 2024.
O plano, construído sob supervisão do empresário e diplomata norte-americano Tom Barrack, prevê o desarmamento total até 31 de dezembro de 2025 e está dividido em quatro fases. Paralelamente, estabelece contrapartidas por parte de Israel, como a suspensão de ações militares, retirada de tropas, libertação de prisioneiros libaneses e apoio à reconstrução das áreas devastadas.
Fases do plano
A primeira etapa do acordo exige do governo libanês o compromisso formal de concluir o desarmamento até o final de 2025. Em contrapartida, Israel deverá cessar suas operações militares contra o Líbano.
Na segunda fase, o Líbano terá 60 dias para iniciar a execução do plano de desmobilização das milícias e fortalecer a presença militar estatal. Israel, por sua vez, deverá retirar tropas e libertar prisioneiros libaneses sob sua custódia.
A terceira fase, com duração prevista de 90 dias, contempla a retirada das últimas posições israelenses em território libanês e o início da reconstrução nacional, com apoio financeiro internacional para a remoção de escombros e restauração de infraestruturas danificadas.
A fase final, ao longo de 120 dias, deverá garantir o desmantelamento de arsenais pesados do Hezbollah, incluindo mísseis de longo alcance e drones. Para impulsionar a reconstrução, Estados Unidos, França, Arábia Saudita, Catar e outros países convocarão uma conferência econômica internacional em apoio ao Líbano.
Os onze compromissos do acordo
O plano Barrack, como foi batizado o documento base do entendimento, apresenta onze compromissos a serem seguidos pelo Líbano e seus parceiros internacionais. Os primeiros pontos tratam da restauração da soberania estatal e do cumprimento do Acordo de Taif, da Constituição libanesa e da Resolução 1701 da ONU, de 2006. Essas diretrizes reforçam que decisões sobre guerra e paz devem ser exclusivas do Estado e que apenas as forças oficiais podem portar armas.
Outro objetivo é garantir a sustentabilidade da trégua, com o fim definitivo de confrontos por terra, mar e ar. O desarmamento de todas as organizações não estatais armadas, incluindo o Hezbollah, figura como eixo central da proposta, estendendo-se a todo o território nacional, inclusive ao norte do rio Litani.
O plano também exige a retirada israelense de cinco posições estratégicas ainda ocupadas, além da demarcação permanente das fronteiras entre Líbano e Israel e entre Líbano e Síria. Ainda estabelece a necessidade de resolução diplomática para a questão dos prisioneiros e das áreas fronteiriças disputadas.
No aspecto humanitário, o documento propõe o retorno seguro de civis às suas casas, o fim das violações do espaço libanês por parte de Israel e o apoio à reparação de comunidades afetadas pelos conflitos.
Reconstrução econômica e segurança
A proposta prevê uma robusta agenda de reconstrução econômica, com a realização de uma conferência internacional liderada pelos EUA e seus aliados para levantar fundos e fomentar o crescimento do Líbano. A iniciativa também está vinculada à chamada "visão presidencial" dos Estados Unidos, que pretende transformar o país em um Estado estável e próspero.
Por fim, o plano assegura que as Forças Armadas e os órgãos de segurança libaneses receberão apoio financeiro e técnico internacional. Isso inclui equipamentos militares modernos e treinamento especializado, de modo a garantir a execução do acordo e a proteção da soberania nacional.
Conflito e resistência
A decisão do governo libanês ocorre em um cenário de grande complexidade política e militar. O Hezbollah tem resistido há décadas às pressões internacionais por seu desarmamento, especialmente após os confrontos com Israel em 2006 e, mais recentemente, no conflito de 2024. A organização xiita é a força de resistência à ocupação israelense e afirma defender a integridade territorial do Líbano.
Apesar de o grupo ainda não ter se pronunciado oficialmente sobre o plano aprovado, em declarações recentes reafirmou seu compromisso com a paz e a defesa do país, mesmo diante das ameaças israelenses. A reação do Hezbollah e de sua base social pode representar um fator decisivo para a viabilidade da proposta.
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