Irã avisa que não irá suspender programa nuclear e de enriquecimento de urânio

247 – O Irã não pretende interromper seu programa nuclear, incluindo o enriquecimento de urânio, mesmo após os recentes ataques militares realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares no país. A declaração foi feita neste domingo (23) pelo vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Majid Takht Ravanchi, em entrevista à emissora pública alemã ARD. A informação foi publicada pela agência estatal iraniana Tasnim News.

Durante sua participação no programa Bericht aus Berlin, Ravanchi afirmou que as atividades nucleares do Irã seguem sendo conduzidas de maneira pacífica e em conformidade com os compromissos assumidos no Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). “Somos membros sinceros do Tratado de Não Proliferação Nuclear”, disse. “Ninguém pode nos dizer o que devemos ou não fazer enquanto permanecermos dentro da estrutura do TNP”, acrescentou o diplomata iraniano.

A entrevista ocorreu em meio à escalada de tensões no Oriente Médio, após o que o governo iraniano classificou como uma “guerra de agressão” lançada por Israel no dia 13 de junho. Segundo Teerã, além dos bombardeios israelenses contra alvos militares e nucleares iranianos, os Estados Unidos também participaram das ações, realizando ataques a três instalações nucleares localizadas em Natanz, Fordow e Isfahan, no último domingo.

Ravanchi optou por não comentar os danos sofridos por essas instalações em razão da ofensiva norte-americana. No entanto, autoridades iranianas destacaram que o país “reserva-se o direito de recorrer às suas próprias opções de resposta” diante das agressões externas.

As declarações do vice-chanceler reforçam a postura firme de Teerã quanto à soberania de seu programa nuclear, ao mesmo tempo em que revelam o agravamento do conflito geopolítico envolvendo o Irã, Israel e os Estados Unidos. A crise pode ter repercussões ainda mais graves nos esforços internacionais de não proliferação, além de ameaçar a estabilidade regional.

O ataque norte-americano ocorreu poucos meses após a posse do presidente Donald Trump para seu segundo mandato nos Estados Unidos, o que marca uma nova fase de endurecimento nas relações entre Washington e Teerã. A comunidade internacional, especialmente os signatários do TNP e as potências nucleares, observa com preocupação o desdobramento desses episódios.