Irã diz à ONU que ataque dos EUA provoca consequências catastróficas

247 - Em uma dura reação ao ataque dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, o governo iraniano denunciou o episódio neste domingo (22) ao Conselho de Segurança da ONU e alertou para os riscos de uma escalada sem precedentes no cenário internacional, informa o canal HispanTV.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, enviou uma carta oficial ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. No documento, Araqchi condena o que classificou como uma "ação militar agressiva" perpetrada pelos Estados Unidos, sob ordens do presidente Donald Trump, contra os locais de enriquecimento nuclear de Natanz, Isfahan e Fordo, ocorrida em 21 de junho.

“Esta flagrante ilegalidade e ação hostil contra a paz representa uma clara violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”, escreveu o chanceler iraniano. Ele destacou ainda que o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e que suas atividades nucleares são supervisionadas integralmente pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Araqchi também apontou o ataque como parte de uma escalada de agressões que, segundo ele, vêm sendo conduzidas pelo regime israelense — que, de acordo com o ministro, “possui um arsenal nuclear não declarado e não é parte do TNP”. O chanceler lembrou ainda que "ataques a instalações nucleares são expressamente proibidos por diversos instrumentos internacionais", citando as Resoluções 444, 475 e 533 da Conferência Geral da AIEA e o Protocolo Adicional às Convenções de Genebra.

Segundo o diplomata, a ofensiva militar dos Estados Unidos representa não apenas uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais, mas também carrega riscos "humanitários e ambientais graves". Ele advertiu que as consequências desse tipo de agressão podem ser "catastróficas", incluindo "enormes baixas civis e devastação ambiental de longo prazo".

Araqchi foi enfático ao exigir uma resposta imediata e firme da comunidade internacional. “A ação agressiva dos Estados Unidos deve ser condenada da forma mais veemente possível. O governo americano deve ser responsabilizado por este ataque criminoso, realizado em apoio a um regime liderado por um criminoso de guerra procurado internacionalmente, que está levando o mundo ao caos e à instabilidade”, afirmou, em referência ao governo de Israel.

O ministro advertiu que o sistema multilateral e as Nações Unidas atravessam um momento crítico. "As Nações Unidas e as estruturas multilaterais estão à beira de uma crise perigosa", disse ele, cobrando ação decisiva do secretário-geral e dos membros do Conselho. “O mundo está observando: a inação não só agravará esta crise, mas também deteriorará ainda mais a segurança global.”