Índia promete reagir após tarifaço de Trump: 'Tomaremos todas as medidas necessárias'
Nova Délhi diz que protegerá agricultores e empresários após anúncio de Trump, que pressiona por mais abertura do mercado indiano
247 - Horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a imposição de uma tarifa de 25% sobre produtos indianos, o governo da Índia afirmou que adotará “todas as medidas necessárias” para proteger os interesses de seus setores produtivos.
A resposta foi divulgada em comunicado oficial do Ministério do Comércio, destacando que o país continuará comprometido com um acordo comercial “justo, equilibrado e mutuamente benéfico” com Washington.
A reportagem é da emissora RT, que entrevistou especialistas e ex-autoridades indianas sobre o impasse comercial. O governo indiano mencionou, ainda, o recente acordo de livre comércio firmado com o Reino Unido como exemplo de sua política externa: os pactos, afirmou, levarão sempre em conta “os interesses de agricultores, empreendedores e pequenas e médias empresas”.
A reação do governo Modi veio logo após uma publicação de Trump em sua rede Truth Social, na qual o presidente norte-americano justificou as tarifas com base em “altas taxas” praticadas pela Índia e nas contínuas relações comerciais com a Rússia nas áreas de energia e defesa. “Embora a Índia seja nossa amiga, temos feito pouco comércio com eles ao longo dos anos porque suas tarifas são muito altas”, escreveu Trump. Segundo ele, o país asiático também “comprou a maior parte de seus equipamentos militares da Rússia e é o maior comprador de energia russa”.
Medidas suspensas voltam a valer
A decisão de Trump, que entrará em vigor em 1º de agosto, reativa uma tarifa de 26% anunciada em março como parte das chamadas sanções do “Dia da Libertação”, que atingiram dezenas de países, mas haviam sido suspensas temporariamente. Mesmo com a medida, Índia e EUA continuam tentando concluir um acordo comercial parcial, embora as negociações devam ultrapassar o novo prazo estabelecido pelo governo americano.
O ex-secretário de Relações Exteriores da Índia, Kanwal Sibal, ouvido pela RT, declarou que um acordo provisório chegou a ser fechado pelos negociadores, mas foi rejeitado por Trump. “Trump avaliou que não era suficiente, que a maior parte do mercado indiano deveria estar aberta”, explicou Sibal, que classificou a atitude do presidente dos EUA como uma “tática de pressão”. Ele acrescentou ainda que não esperava que Trump oferecesse “um acordo fácil”, como teria feito anteriormente com a União Europeia e o Japão.
O ex-diplomata também rebateu a alegação de que os EUA têm uma relação comercial limitada com a Índia. Segundo ele, os Estados Unidos são atualmente o maior parceiro comercial de Nova Délhi, com um volume de trocas que ultrapassou US$ 132 bilhões no último ano fiscal.