“Mais de 40% do que o Brasil exporta para os Estados Unidos ficou fora da tarifa", diz Jorge Viana
Presidente da ApexBrasil destaca que decisão de Trump impõe barreiras injustas, mas preserva parcela significativa das exportações brasileiras
“Mais de 40% do que o Brasil exporta para os Estados Unidos ficou fora da tarifa", diz Jorge Viana
Presidente da ApexBrasil destaca que decisão de Trump impõe barreiras injustas, mas preserva parcela significativa das exportações brasileiras
247 – Em vídeo divulgado nesta quarta-feira (30), o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, comentou a ordem executiva emitida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe tarifas adicionais a produtos brasileiros. A medida, que eleva a alíquota de importação para 50%, causou grande preocupação no meio empresarial e diplomático brasileiro. Ainda assim, Viana ressaltou que parte expressiva das exportações do Brasil foi temporariamente excluída da sobretaxa.
“O governo dos Estados Unidos acabou de emitir a ordem executiva que faz entrar em vigor as novas tarifas contra os produtos brasileiros que são exportados para aquele país. Os números são ruins porque não tem nenhuma razão de nós termos mais tarifas para os nossos produtos, quando os Estados Unidos é que mais ganham com o comércio bilateral”, afirmou Viana. Segundo ele, a medida teve sua entrada em vigor adiada para 6 de agosto, o que abre uma janela para o diálogo entre os dois países.
Jorge Viana destacou que 379 produtos brasileiros foram poupados, ao menos por ora, da tarifa de 50% — ficando sujeitos a uma alíquota reduzida de 10%. “No anexo um, eles estão tirando dessa nova tarifa, ficando só em 10%, 379 produtos como celulose, suco de laranja, castanha do Brasil, a parte de aeronaves, todas de alguns minerais importantes”, explicou. Segundo ele, esses itens somaram cerca de US$ 18 bilhões em exportações no ano passado, o que representa mais de 40% de tudo o que o Brasil vende aos Estados Unidos.
Para o presidente da ApexBrasil, ainda há espaço para negociação. “Tomara que a gente tenha a oportunidade de mostrar claramente que outros produtos são muito importantes nos Estados Unidos, é claro, importante também para o nosso país, e que o bom senso possa prevalecer, porque é esse o propósito do governo: negociar e fazer valer uma história de 201 anos de comércio que nunca passou por uma turbulência tão grande como essa promovida pelo atual governo dos Estados Unidos.”
Retaliação e acusações do governo Trump
A ordem executiva foi acompanhada por uma declaração de emergência nacional baseada na Lei dos Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977. A Casa Branca justificou as medidas com acusações severas contra o governo Lula e, em especial, contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Washington, o Brasil representa “uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
O comunicado oficial acusou diretamente o ministro Alexandre de Moraes de “abusar de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos”. A nota afirma que Moraes teria atuado com outros membros do STF para censurar críticos políticos, congelar ativos de empresas americanas e impor multas a opositores, incluindo cidadãos dos EUA.
Sanções pessoais e ofensiva diplomática
Além das tarifas, a Casa Branca anunciou sanções pessoais contra ministros do STF e seus familiares, incluindo a revogação de vistos. O presidente Trump, que tomou posse para seu segundo mandato em 2025, ordenou ao secretário de Estado, Marco Rubio, que adotasse essas medidas em 18 de julho. A Casa Branca também mencionou o caso de Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria sendo processado no Brasil por manifestações feitas em solo americano.
Em tom agressivo, Trump afirmou que está “defendendo empresas americanas da extorsão, protegendo cidadãos americanos da perseguição política e salvando a economia americana dos éditos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”. O comunicado reforça a agenda “America First”, colocando a liberdade de expressão como valor central da política externa dos EUA.
Reações e cenário geopolítico
A decisão do presidente norte-americano acirra ainda mais as tensões diplomáticas com o Brasil e coloca em xeque a estabilidade de uma das parcerias comerciais mais relevantes para os dois países. Até o momento, o governo Lula e o STF não emitiram resposta oficial às acusações e sanções. A escalada diplomática poderá gerar efeitos econômicos concretos e provocar reações tanto em fóruns multilaterais quanto em organismos comerciais internacionais.
A postura da administração Trump ecoa a retórica da extrema direita brasileira, buscando minar a legitimidade das instituições nacionais. A resposta do Brasil e de seus aliados deverá ser decisiva para conter os impactos dessa ofensiva e preservar os interesses nacionais em meio ao turbulento cenário geopolítico. Assista:
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