Huawei volta ao lucro impulsionada por boom da inteligência artificial na China
Ascensão da DeepSeek e crescimento da demanda por chips nacionais fortalecem posição da Huawei no mercado de tecnologia
247 - A Huawei Technologies anunciou nesta sexta-feira (29), em comunicado citado pela Bloomberg, que voltou ao lucro no primeiro semestre de 2025. A recuperação financeira da gigante de Shenzhen foi impulsionada pela explosão da inteligência artificial na China, desencadeada pela ascensão do modelo de linguagem DeepSeek.
De janeiro a junho, o lucro líquido da empresa somou 37,1 bilhões de yuans (cerca de US$ 5,2 bilhões), mesmo com queda de 32% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado representou uma reversão significativa frente à perda registrada no quarto trimestre de 2024, quando a companhia intensificou investimentos em semicondutores e veículos elétricos. No mesmo período, a receita subiu 3,9%, alcançando 427 bilhões de yuans, segundo dados divulgados na Bolsa de Ativos Financeiros de Pequim.
Concorrência com a Nvidia e apoio de Pequim
A posição da Huawei no setor de inteligência artificial ganhou força após o impacto do DeepSeek, que rivalizou com o GPT-4 da OpenAI e provocou corrida tecnológica no país. A empresa desenvolve o chip Ascend, hoje considerado padrão nacional, adotado por grandes companhias como Alibaba. Esse movimento foi incentivado pelo governo chinês, que passou a pressionar empresas locais a reduzir a dependência da americana Nvidia.
O cenário foi reforçado pelas sanções de Washington, que proibiu a exportação dos chips mais avançados da Nvidia para a China. Nesse contexto, a Huawei se consolidou como alternativa doméstica estratégica na corrida global por poder computacional.
Liderança no mercado de smartphones
A recuperação também veio do setor de telefonia. De acordo com relatório da consultoria IDC, a Huawei voltou à liderança do mercado chinês de smartphones, superando Apple e retomando uma posição que não ocupava havia mais de quatro anos. No último trimestre, a empresa enviou 12,5 milhões de aparelhos, à frente da Xiaomi e de outras concorrentes locais, em um mercado que enfrenta retração por conta da desaceleração econômica doméstica.