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      Hezbollah rejeita desarmamento e acusa governo libanês de agir sob ordens dos EUA e de Israel

      Em discurso nas cerimônias de Arbain, xeique Naim Qasem afirmou que abrir mão das armas seria “desproteger o país” e reiterou apoio irrestrito à Palestina

      Pessoas se reúnem ao lado de um veículo que transportava os caixões dos ex-líderes do Hezbollah, Hassan Nasrallah e Hashem Safieddine, mortos em ataques aéreos israelenses no ano passado, perto do local de sepultamento de Hassan Nasrallah, nos arredores de Beirute, Líbano, em 23 de fevereiro de 2025 (Foto: REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)
      Guilherme Paladino avatar
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      247 - O Hezbollah voltou a desafiar as pressões internacionais e do próprio governo libanês ao afirmar que não abrirá mão de suas armas. Em discurso durante as cerimônias de Arbain, o secretário-geral do movimento, xeique Naim Qasem, acusou o governo de Beirute de estar a serviço de uma “ordem israelense-estadunidense” e disse que a resistência armada é parte indissociável da soberania nacional.

      A declaração ocorre em meio ao plano aprovado pelo gabinete libanês, em 5 de agosto, que prevê o desarmamento progressivo de grupos não estatais até 31 de dezembro de 2025, dentro de um acordo mediado pelos Estados Unidos para consolidar o cessar-fogo com Israel.

      “Não abriremos mão da resistência”

      Qasem afirmou que a proposta de centralizar todo o armamento sob o controle estatal até o fim deste mês “facilita assassinatos de combatentes e desprotege o país”. O líder ressaltou que o Hezbollah não reconhece legitimidade em medidas que enfraqueçam a resistência:

      “Nós concedemos legitimidade, não a recebemos de ninguém. Arrastar o Exército para a discórdia é inaceitável; seu histórico é íntegro.”

      Segundo ele, o governo libanês se arrisca a provocar uma nova guerra civil ao tentar impor o desarmamento.

      Apoio do Irã e legado da resistência

      Durante o discurso, Qasem voltou a agradecer o apoio político do Irã, que classifica a resistência como um “dever moral”, embora, segundo ele, sem interferência direta nas decisões do movimento. O xeique recordou ainda a vitória sobre Israel em 2006 como prova da eficácia da luta armada e reafirmou o compromisso do Hezbollah com a causa palestina.

      O posicionamento reforça a linha já defendida por autoridades iranianas na última semana. Em visita a Beirute, Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, rejeitou as iniciativas dos EUA e acusou Washington e Tel Aviv de tentarem impor pela via diplomática o que não conseguiram pela guerra.

      Plano Barrack e pressões externas

      O chamado “plano Barrack”, elaborado sob supervisão do empresário e diplomata norte-americano Tom Barrack, prevê quatro fases para o desarmamento, incluindo a entrega dos arsenais pesados do Hezbollah e a realização de uma conferência internacional para financiar a reconstrução do Líbano. Em contrapartida, Israel se comprometeria a retirar tropas, libertar prisioneiros e apoiar a recuperação das áreas devastadas.

      Apesar do pacote de promessas, a reação do Hezbollah e de sua base social pode determinar a viabilidade do acordo. O grupo considera que desarmar-se equivaleria a abrir mão do único fator de dissuasão contra agressões externas e perder conquistas históricas da resistência libanesa.

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