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Greta Thunberg: a guerra em Gaza não começou em 7 de outubro

“Ninguém pode dizer que não sabia do genocídio”, afirmou a ativista. Assista ao vídeo

Faixa de Gaza e Greta Thunberg (Foto: Nathan Howard/Reuters I Reprodução (Fepal))

247 - A ativista sueca Greta Thunberg denunciou nesta segunda-feira (6) os crimes cometidos por Israel na Faixa de Gaza, onde, segundo o Ministério da Saúde local, mais de 66 mil palestinos morreram vítimas dos ataques israelenses desde outubro de 2023. A ambientalista foi uma das 170 pessoas deportadas pelo governo israelense, que determinou a interceptação de barcos com ajuda humanitária (flotilhas). Pelo menos 45 barcos foram interceptados, o que resultou na prisão de mais de 400 pessoas.

“Ninguém pode dizer que não sabia do genocídio”, afirmou Greta. De acordo com a ativista, as forças militares de Israel estão “tentando apagar uma nação inteira”. 

Em suas denúncias, Grata afirmou também que os soldados israelenses estão querendo, “deliberadamente, matar milhões de pessoas de fome”. 

 

A guerra no Oriente Médio vem de décadas. Nos anos 1917, a Grã-Bretanha apoiou a criação do estado judeu permanente na Palestina com uma carta chamada Declaração Balfour, mas os conflitos continuaram.

Em 1947, a ONU dividiu a Palestina em estados separados (judeus e árabes em cada um deles). A decisão das Nações Unidas também foi anunciada em um contexto de pressão da Grã-Bretanha para ter melhores condições de fazer comércio no Oriente Médio. Ao longo das décadas, o conflito nunca teve um desfecho que deixasse os dois lados (judeus e árabes) satisfeitos. 

Isolamento de Israel

Países como França e Reino Unido anunciaram o reconhecimento oficial do Estado da Palestina. São mais de 150 países, incluindo o Brasil, que estariam fazendo parte da lista. Mas o veto dos EUA no Conselho de Segurança impede a adesão da Palestina às Nações Unidas. 

Cinco países são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e têm poder de veto - EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.

Atualmente, 151 dos 193 estados-membros da ONU reconhecem oficialmente a Palestina. De acordo com a agência AFP, outros 39 países permanecem contra a Palestina, entre eles os EUA. Canadá e Austrália anunciaram o mesmo gesto, ampliando o movimento internacional que já inclui Brasil, Rússia, China, Índia, países árabes, quase toda a África e a América Latina. 

Historicamente, Israel também tem os EUA como um de seus principais aliados. Em maio de 2024, senadores sionistas norte-americanos ameaçaram o Tribunal Penal Internacional e saíram em defesa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Estatísticas preocupantes e o caso nos tribunais internacionais

A Oxfam Brasil alertou que a intensificação das operações militares israelenses na Cidade de Gaza ameaça provocar o deslocamento forçado de quase 1 milhão de pessoas, que seriam enviadas para “zonas humanitárias” descritas pela entidade como superlotadas, insalubres e com infraestrutura precária. Segundo a organização, trabalhadores humanitários enfrentam grandes dificuldades para atuar, em meio a bombardeios e restrições impostas pelas forças israelenses.

A crise humanitária e as ações militares de Israel também são alvo de processos internacionais. Em dezembro de 2023, a África do Sul apresentou uma denúncia formal à Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando Israel de violar a Convenção sobre o Crime de Genocídio. O governo sul-africano pediu à Corte a adoção de medidas emergenciais para interromper práticas que considera genocidas contra civis palestinos na Faixa de Gaza.

Israel rejeita as acusações e sustenta que suas ações são respostas legítimas a ataques terroristas. O governo brasileiro manifestou apoio ao processo iniciado por Pretória, reforçando a necessidade de investigação e responsabilização.

Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel deveria tomar medidas concretas para prevenir o genocídio, punir incitadores de violência e garantir o acesso contínuo de ajuda humanitária à população de Gaza. O tribunal, contudo, não ordenou a suspensão das operações militares, como havia sido solicitado pela África do Sul. O Brasil e outros países mantiveram apoio político e diplomático à ação.

Posteriormente, em novembro de 2024, a Corte emitiu mandados de prisão internacional contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e líderes do Hamas, sob acusações de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negam envolvimento em violações do direito internacional humanitário.

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