Governo prevê dificuldades em negociações com os EUA mesmo após alívio no tarifaço
Interlocutores do Planalto apontam motivação política nas sanções e veem resistência de Trump ao diálogo
247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que o impasse comercial com os Estados Unidos deve se prolongar, apesar da retirada de cerca de 700 produtos brasileiros da lista da nova tarifa de 50%. A percepção, segundo interlocutores que acompanham as negociações, é de que a medida tem forte motivação política — reforçada, segundo eles, pelas declarações do presidente americano, Donald Trump. As informações são do jornal O Globo.
Itens como suco de laranja, petróleo e produtos da Embraer — incluindo peças e aeronaves — foram excluídos da tarifa adicional. Ainda assim, a avaliação dentro do governo é que Trump não demonstra disposição para negociar. Para auxiliares de Lula, a postura do líder norte-americano se tornou mais clara com a escalada da crise iniciada no último dia 9, quando vieram à tona a suspensão do visto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e novas sanções contra ele, com base na Lei Magnitsky.
Com a abertura de um canal diplomático após a reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na última terça-feira (29), o governo brasileiro começa a traçar os próximos passos. O objetivo é tentar preservar setores que ainda serão atingidos pela sobretaxa, prevista para entrar em vigor na próxima quarta-feira.
Entre os segmentos mais ameaçados estão café, carne, frutas, calçados e pescados. Há receio de que as novas tarifas provoquem quebra de empresas e aumento no desemprego.
Segundo fontes envolvidas nas discussões, o momento agora é de análise dos impactos e definição de possíveis respostas por parte do Brasil. Ainda não há reuniões formais agendadas entre representantes dos dois países, mas o governo brasileiro pretende insistir no diálogo para tentar minimizar os prejuízos aos setores que não foram poupados.
Nas palavras de um diplomata de alto escalão, a situação exige paciência e articulação: “continuar defendendo a democracia brasileira e os interesses afetados”, afirmou.
O presidente Lula acompanhou de perto os bastidores que antecederam o encontro entre Vieira e Rubio. O chanceler, que estava em Nova York para uma reunião da ONU, tinha dois voos previstos: um com destino a Brasília, na noite de terça-feira, e outro para Washington, na quarta.
O encontro com Rubio aconteceu em local mantido em sigilo, dada a sensibilidade do momento. Segundo auxiliares, ocorreu logo após o anúncio das sanções contra Moraes. Vieira teria sido informado por sua equipe de que Trump assinaria um decreto com a aplicação do tarifaço em sete dias, o que lhe permitiu abordar o tema com o secretário de Estado. A reunião durou cerca de 25 minutos.
De acordo com pessoas próximas ao chanceler, o encontro teve um componente adicional: a relação prévia entre os dois diplomatas. Vieira foi embaixador do Brasil em Washington entre 2010 e 2015, período em que Rubio era senador.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: