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      Genocídio: Israel bombardeia hospital em Gaza e mata mais jornalistas

      Sem eletricidade e internet, repórteres transformaram hospitais em pontos de apoio. Israel já matou 274 jornalistas desde o início do conflito

      Equipe de resgate na Faixa de Gaza (Foto: Reprodução/X/@Timesofgaza)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Um bombardeio israelense contra o Complexo Médico Nasser, no sul da Faixa de Gaza, deixou ao menos 20 mortos, incluindo quatro jornalistas, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (25) pelo Ministério da Saúde de Gaza e publicadas pela rede Al Jazeera. Entre as vítimas está o fotógrafo da emissora, Mohammad Salama. A ação ocorreu no quarto andar do hospital em um ataque do tipo “double tap” — quando um míssil atinge o alvo e, em seguida, outro é disparado momentos depois, atingindo equipes de resgate.

      De acordo com o Escritório de Mídia do Governo de Gaza, também morreram no ataque o fotojornalista da Reuters, Hussam al-Masri; a repórter Mariam Abu Daqqa, que colaborava com veículos como The Independent Arabic e a agência Associated Press; além do jornalista Moaz Abu Taha. A Reuters confirmou que sua transmissão ao vivo direto do hospital, operada por al-Masri, foi interrompida exatamente no instante do bombardeio.

      Condenação internacional e denúncia de crimes de guerra

      Em comunicado, o Escritório de Mídia de Gaza classificou a ação como “um crime horrendo contra profissionais da imprensa em missão de cobertura no hospital de Khan Younis” e responsabilizou Israel, os Estados Unidos e países europeus como Reino Unido, Alemanha e França por apoiar o que descreveu como genocídio.

      A Al Jazeera repudiou a ofensiva, afirmando que se tratou de “uma clara intenção de enterrar a verdade”. A emissora destacou ainda que, apesar dos ataques sistemáticos contra seus profissionais, continuará transmitindo ao vivo a cobertura da guerra em Gaza, que já dura 23 meses.

      Vidas interrompidas e legado jornalístico

      O fotógrafo Mohammad Salama havia se casado recentemente com a também jornalista palestina Hala Asfour. Já Mariam Abu Daqqa deixa um filho de 12 anos, evacuado de Gaza no início do conflito. A editora da AP, Abby Sewell, prestou homenagem à colega: “Ela foi uma verdadeira heroína, como todos os nossos colegas palestinos em Gaza”, escreveu em rede social.

      O episódio ocorre menos de duas semanas após a morte de outro repórter da Al Jazeera, Anas al-Sharif, e quatro colegas em frente ao Hospital al-Shifa, em Gaza. Ao todo, segundo levantamento da própria emissora, pelo menos 274 jornalistas palestinos foram mortos desde outubro de 2023, tornando este o conflito mais letal para profissionais de imprensa na história recente.

      Israel se defende; comunidade internacional reage

      O Exército israelense confirmou ter realizado um bombardeio na região do Hospital Nasser, mas alegou não ter jornalistas como alvo. A justificativa foi divulgada em uma breve nota nas redes sociais militares, sem detalhar objetivos ou alvos específicos.

      Organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, denunciaram o massacre de jornalistas em Gaza. A entidade destacou que “nenhum outro conflito moderno registrou número tão alto de profissionais da imprensa assassinados”.

      A repórter da Al Jazeera Hind Khoudary, que acompanha a guerra de hospitais em Gaza, questionou até quando jornalistas serão alvo: “Quantas vezes mais vamos reportar o assassinato de colegas de profissão?”. Segundo ela, sem eletricidade e internet, repórteres palestinos transformaram hospitais em pontos de apoio para continuar informando o mundo.

      Guerra prolongada e acusações de genocídio

      Segundo dados divulgados por Gaza e repercutidos pela Al Jazeera, mais de 62 mil palestinos foram mortos desde o início da ofensiva israelense em 2023, a maioria mulheres e crianças. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant são alvo de mandados de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra.

      Para o professor de estudos de mídia Mohamed Elmasry, do Instituto de Pós-Graduação de Doha, Israel age sem receio de consequências: “Se há algo que Israel aprendeu nos últimos 23 meses, é que pode fazer praticamente o que quiser sem punição”, declarou à Al Jazeera.

      A escalada da violência contra jornalistas evidencia, segundo especialistas e entidades de defesa da imprensa, uma tentativa sistemática de silenciar vozes que relatam a destruição em Gaza.

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