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      EUA voltam a armazenar bombas nucleares no Reino Unido após 17 anos

      Transferência ocorre em meio à escalada de tensões com a Rússia e reforça preparação militar da Otan na Europa

      F-35 (Foto: REUTERS/U.S. Air Force photo/Randy Gon/Handout)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - Pela primeira vez desde 2008, os Estados Unidos voltaram a posicionar bombas nucleares em uma base da Força Aérea no Reino Unido. O movimento ocorre em meio ao agravamento das tensões no continente europeu após a invasão russa da Ucrânia em 2022 e o consequente reforço da presença militar da Otan. A informação, segundo a Folha de S. Paulo, foi divulgada por veículos como o Telegraph, Daily Mail, UK Defence News e The War Zone, além da revista Aviation Week.

      As armas em questão são bombas de gravidade do tipo B61-12, projetadas para uso tático e com capacidade de lançamento por aviões de combate. Segundo informações, os EUA operavam anteriormente cerca de cem dessas bombas em seis bases de cinco países da aliança atlântica, mas agora também restabeleceram sua presença em Lakenheath, em Suffolk, ao nordeste de Londres.

      O Reino Unido anunciou, em sua nova doutrina estratégica divulgada no mês passado, que pretende integrar os caças F-35 de quinta geração ao sistema de lançamento das B61. A chegada de 12 dessas aeronaves dará a Londres, que já é uma das nove potências nucleares do mundo, a capacidade aérea de emprego de armamento atômico. Atualmente, o arsenal britânico é estimado em 225 ogivas, todas lançadas por mísseis instalados em submarinos.

      Além do Reino Unido, a Bélgica também adquiriu caças F-35 com essa capacidade, enquanto outros países seguem operando modelos antigos, como os Panavia Tornado, da Alemanha, e os F-16, dos próprios EUA. As bombas seguem sob controle operacional americano, ainda que possam ser lançadas por aviões aliados.

      Lakenheath já foi, durante a Guerra Fria, a principal base de armazenamento de armas nucleares dos EUA no Reino Unido. O desarmamento gradual iniciado em 2005 levou à remoção dessas bombas, mas o contexto atual motivou a reversão da política. A reforma das instalações da base, que consta em documentos do Pentágono desde 2022, já sinalizava a volta dos armamentos.

      A movimentação dos artefatos, segundo as publicações especializadas, teve origem no Centro de Armas Nucleares da Força Aérea dos EUA em Kirtland, no Novo México. Aviões de transporte militar C-17 teriam sido usados para o transporte até o Reino Unido. Durante a feira britânica Royal International Air Tattoo, foi apresentada uma moeda comemorativa do 493º Esquadrão de Caça dos EUA, baseado em Lakenheath. A peça ostenta uma explosão nuclear em forma de cogumelo, o mascote da unidade (a Morte), uma bomba B61 e o lema: “Prepare-se para conhecer seu criador”.

      Ainda de acordo com a reportagem, o Kremlin respondeu com preocupação. “Nós vemos uma linha de escalada de tensões, rumo à militarização, incluindo a militarização nuclear. Nossos departamentos estão monitorando os desenvolvimentos e formulando missões para garantir nossa segurança ante o que está acontecendo”, disse o porta-voz Dmitry Peskov. 

      A medida americana é também uma reação à movimentação russa, que instalou bombas táticas em Belarus, país vizinho da Otan e fronteiriço com Polônia, Letônia e Lituânia. Em resposta, a Polônia já solicitou formalmente o envio de armamento nuclear ao seu território. Para o governo britânico, um confronto direto com Moscou pode ocorrer entre 2027 e 2030.

      A Rússia, por sua vez, rejeita a leitura ocidental, classificando-a como alarmismo. No entanto, analistas alertam que, apesar de as bombas táticas como a B61-12 serem projetadas para uso limitado em campo de batalha, o risco de escalada para um conflito nuclear total é real. A nova versão da B61 tem potência variável de 0,3 a 50 quilotons — sendo esta última 3,3 vezes mais potente do que a bomba lançada sobre Hiroshima. Estima-se que mais de 3 mil unidades já tenham sido produzidas, com custo unitário em torno de US$ 28 milhões (R$ 156 milhões).

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