EUA: Republicanos preparam novo pacote fiscal para resgatar trechos barrados do projeto original de Trump
Mike Johnson diz que nova proposta será menor, mas tentará reincluir pontos excluídos por regras do Senado na lei já sancionada
247 - O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Mike Johnson (Partido Republicano da Louisiana), afirmou em entrevista à Bloomberg Government nesta quarta-feira (23) que a bancada republicana prepara um novo pacote fiscal para os próximos meses, com o objetivo de retomar pontos que ficaram de fora da mais recente lei de impostos e gastos sancionada pelo Congresso.
Johnson quer aprovar o texto “no final do outono” (entre setembro e dezembro), utilizando novamente o mecanismo da reconciliação orçamentária, que permite aprovar medidas fiscais com maioria simples no Senado. A proposta será uma versão reduzida do plano original do ex-presidente Donald Trump, batizado por Johnson de “um grande e belo projeto de lei”.
“Não será tão grande. Espero que seja tão bonito”, disse Johnson.
O que pode entrar no novo projeto
Entre os trechos retirados do projeto original, e que agora poderão ser reapresentados, está uma proposta para impedir que estados usem recursos próprios para oferecer cobertura do Medicaid a imigrantes em situação irregular, segundo informou o deputado Jodey Arrington (R-Texas), presidente do Comitê de Orçamento da Câmara. Essa cláusula havia sido descartada por não cumprir os critérios do processo de reconciliação.
Arrington afirmou que os republicanos tentarão reformular o texto para que tenha impacto orçamentário direto, o que o tornaria elegível ao processo.
“Não significa que conseguiremos incluir isso com certeza, mas vale a pena tentar reescrever com mais cuidado para que passe no teste de impacto fiscal relevante”, declarou.
O novo projeto deve mobilizar entre quatro e cinco comissões parlamentares, incluindo a poderosa Comissão Ways and Means (responsável por tributos) e a Comissão de Energia e Comércio. Na proposta sancionada no feriado de 4 de julho, foram envolvidas 11 comissões.
“Algumas prioridades ficaram de fora da primeira reconciliação, mas seguem importantes para muita gente — algumas não passaram no teste Byrd, e estamos buscando outros ângulos para incluí-las”, disse Johnson, em referência à regra do Senado que impede que propostas sem efeito direto no orçamento sejam aprovadas por maioria simples.
Resistência no Senado
Apesar do entusiasmo dos deputados republicanos, o clima no Senado é mais cauteloso. O líder da maioria republicana no Senado, John Thune (R-South Dakota), disse que uma nova rodada legislativa seria “uma empreitada enorme”.
“Não sei. Vamos ver. Certamente não estou descartando”, afirmou.
Com o fim do recesso de agosto, os senadores terão como prioridade evitar a paralisação do governo federal, prevista para 1º de outubro. Johnson reconheceu que a Câmara estará ocupada com a aprovação das leis orçamentárias, mas quer avançar com os projetos em setembro e iniciar negociações com o Senado.
Enquanto isso, alguns deputados republicanos, como Arrington e o presidente do Freedom Caucus, Andy Harris (R-Maryland), consideram apoiar uma resolução contínua de um ano para manter as agências funcionando com o orçamento atual.
Johnson criticou os democratas por dificultarem um acordo e sugeriu que a oposição estaria deliberadamente criando um impasse fiscal:
“Eles estão calculando como podem provocar um shutdown do governo”, afirmou, referindo-se aos líderes democratas Chuck Schumer (Senado) e Hakeem Jeffries (Câmara).
Jeffries, por sua vez, disse que os democratas estão dispostos a cooperar, mas que qualquer acordo precisa ser “bipartidário e bicameral”.
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