EUA intensificam pressão sobre UE para sancionar Índia por comércio com a Rússia

247 - Os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre a União Europeia para que o bloco imponha tarifas adicionais à Índia devido à manutenção do comércio de petróleo com a Rússia. Washington já havia aplicado uma sobretaxa de 50% sobre produtos indianos, medida tomada após o fracasso de negociações comerciais e a continuidade das importações de energia russa por Nova Délhi, segundo reportagens publicadas pelos portais Axios e India Today.

Segundo o Axios, a Casa Branca cobra que os europeus ampliem o cerco econômico contra Moscou, chegando a exigir “a cessação completa de todas as compras de petróleo e gás da Rússia” e a implementação de tarifas secundárias não apenas sobre a Índia, mas também sobre a China. O veículo destacou ainda que autoridades em Washington estariam “perdendo a paciência” com líderes europeus, vistos como resistentes a impor maiores sacrifícios à economia do continente em nome da guerra na Ucrânia.

Divergências entre aliados ocidentais

Um alto funcionário da Casa Branca, citado pelo Axios, chegou a afirmar: “Os europeus não podem prolongar esta guerra alimentando expectativas irrealistas e ainda esperar que os Estados Unidos arquem com os custos. Se a Europa quiser escalar o conflito, será por conta própria, mas estará cavando a própria derrota”.

Já o India Today relatou que Washington deseja que a União Europeia copie integralmente suas medidas contra a Índia, incluindo a interrupção total das importações de petróleo e gás. Até o momento, autoridades europeias não comentaram oficialmente sobre a pressão vinda de Washington.

Comércio estratégico entre Índia e União Europeia

Atualmente, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial da Índia, responsável por transações de bens que somam €120 bilhões (cerca de US$ 140 bilhões), equivalentes a 11,5% de todo o comércio exterior indiano. Qualquer medida retaliatória de Bruxelas poderia impactar diretamente setores estratégicos da economia indiana.

Os EUA, por sua vez, haviam iniciado em agosto de 2024 a imposição de uma tarifa de 25% sobre produtos da Índia após o colapso de conversas comerciais, acrescentando posteriormente outra sobretaxa de 25% vinculada às compras de petróleo russo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justificou a medida alegando que as importações indianas de energia e armamentos de Moscou estariam indiretamente financiando o conflito na Ucrânia.

Resistência indiana e apoio russo

Diante da pressão, o ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal, foi categórico: Nova Délhi não irá “se curvar” às exigências de Washington e concentrará esforços em expandir suas relações comerciais para novos mercados. Moscou, por sua vez, condenou as tarifas norte-americanas contra a Índia, reforçando que “nações soberanas têm o direito de escolher seus parceiros comerciais”.

Enquanto a disputa tarifária se intensifica, líderes de Índia, China, Rússia e outros países buscaram fortalecer a cooperação multilateral durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), realizada em Tianjin. O encontro sinalizou a consolidação de alianças alternativas ao eixo ocidental em meio às tensões geopolíticas globais.

(Com informações da agência RT)