EUA insistem em proposta de governo palestino ‘tecnocrático’ e ‘apolítico’ em Gaza
Proposta prevê administração palestina apolítica e focada em segurança e economia, segundo conselheiros do presidente Trump
247 - Em meio às negociações internacionais sobre o futuro de Gaza, assessores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmaram que a segunda fase do plano americano prevê a criação de uma administração palestina de caráter tecnocrático, sem vínculos partidários ou ideológicos. A proposta foi discutida durante a cúpula de paz realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, e busca, segundo os norte-americanos, oferecer uma alternativa tanto ao Hamas quanto à Autoridade Palestina, destaca reportagem do jornal israelense Haaretz.
De acordo com conselheiros sêniores de Washington, a prioridade imediata do governo Trump é a chamada “desconflitualização”, ou seja, reduzir tensões para evitar incidentes que possam provocar novas hostilidades. Um assessor destacou que o presidente norte-americano e sua equipe trabalham para garantir que a ajuda humanitária chegue à população e que os compromissos já firmados sejam cumpridos, incluindo a recuperação de corpos em meio ao conflito.
Foco em segurança e oportunidades econômicas
Na visão da Casa Branca, a proposta não busca reabrir debates históricos sobre soberania ou status de Estado, mas sim criar condições práticas para que Gaza se torne “funcional”. Um dos assessores explicou: “O objetivo não é ficar preso nesses velhos jogos de palavras sobre Estado, soberania, governança... Vamos simplesmente tornar este lugar funcional. O presidente Trump acredita que a maneira de alcançar a paz real é abordando as questões que importam, que são a segurança e as oportunidades econômicas.”
Essa concepção, segundo a diplomacia americana, visa substituir estruturas políticas consideradas ineficientes ou ligadas a grupos armados por uma gestão técnica, voltada para serviços básicos e recuperação econômica, sob monitoramento internacional.
Diáspora palestina e novas lideranças
Questionados sobre quem assumiria essa administração tecnocrática, os assessores afirmaram que estão em contato com palestinos “muito bem-sucedidos” da diáspora.
Para Washington, a iniciativa representa uma oportunidade inédita de criar uma alternativa política que não envolva os atuais centros de poder palestinos.
A proposta, no entanto, gera controvérsia entre lideranças palestinas e na comunidade internacional, já que toca em um ponto central do conflito: quem terá legitimidade para governar Gaza em meio ao impasse político e militar que já dura décadas.


