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EUA: Democratas articulam saída temporária para evitar paralisação do governo

Líderes do partido defendem prorrogação curta para manter verbas e benefícios de saúde

Prédio do Capitólio dos EUA .04/12/2020 (Foto: REUTERS/Tom Brenner)

247 - Às vésperas de uma reunião decisiva na Casa Branca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, líderes democratas sinalizaram nesta segunda-feira (29) a possibilidade de um acordo temporário para impedir a paralisação do governo federal, que pode começar já nesta quarta-feira.

Segundo a agência Reuters, fontes ligadas à bancada democrata no Senado afirmaram que Chuck Schumer e outros parlamentares avaliam propor a extensão do financiamento do governo por um período de sete a dez dias, além do prazo final da meia-noite de terça-feira (04h de quarta-feira em Brasília). O objetivo seria ganhar tempo para negociar um consenso mais duradouro.

Pressão no Congresso

A medida, no entanto, depende de apoio do Partido Republicano e da aprovação na Câmara dos Representantes, controlada pela oposição. Os democratas condicionam a prorrogação à preservação de benefícios de saúde que estão prestes a expirar, enquanto os republicanos insistem em tratar orçamento e saúde como questões separadas.

O líder republicano no Senado, John Thune, elevou a pressão ao marcar para terça-feira a votação de um projeto que prevê a manutenção do governo até 21 de novembro, sem incluir medidas sobre saúde. “É com os democratas”, afirmou o senador de Dakota do Sul, destacando que precisa de ao menos sete votos democratas para aprovar a proposta.

Impactos de um possível shutdown

Caso não haja acordo, milhares de servidores públicos poderão ser afastados, atingindo desde a NASA até os parques nacionais. Tribunais federais podem ser obrigados a fechar e repasses para pequenas empresas correm risco de atraso.

O impasse gira em torno de US$ 1,7 trilhão em gastos discricionários, que financiam agências e representam cerca de um quarto do orçamento total de US$ 7 trilhões do governo norte-americano. O restante é destinado a programas de saúde, previdência e pagamento da dívida, que já alcança US$ 37,5 trilhões.

Saúde no centro da disputa

A atual disputa está concentrada nos subsídios ligados ao Affordable Care Act (Obamacare). Se não forem renovados, aproximadamente 24 milhões de norte-americanos terão aumento nos custos de seus planos de saúde ainda neste ano. O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, defendeu a necessidade de tornar permanentes os benefícios fiscais que reduzem os preços das apólices.

“Achamos inaceitável simplesmente aceitar o plano republicano de continuar a atacar e desmontar o sistema de saúde”, declarou Jeffries em coletiva nesta segunda-feira.

Thune rebateu, afirmando que o foco deve ser evitar a interrupção do financiamento do governo. “Grandes decisões não devem ser tomadas às pressas”, escreveu em artigo publicado no Washington Post.

Risco político em ano pré-eleitoral

Com as eleições legislativas de 2026 no horizonte, os democratas buscam capitalizar o tema da saúde para mobilizar sua base. No entanto, assessores do partido reconhecem reservadamente que um shutdown pode gerar desgaste se não conseguirem convencer a opinião pública de que os republicanos são os responsáveis pelo impasse.

O histórico reforça a preocupação: desde 1981, já ocorreram 14 paralisações parciais do governo, em sua maioria breves. A mais longa foi em 2018 e 2019, durante a primeira gestão de Trump, quando o bloqueio se estendeu por 35 dias em razão de um impasse sobre imigração.

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