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Embraer projeta retomar ritmo de 100 jatos comerciais por ano em 2028, afirma presidente

Fabricante brasileira prevê superar gargalos de produção a partir de 2027 e já tem pedidos firmes até 2028

Logo da Embraer é visto em evento do setor na França - 17/06/2025 (Foto: REUTERS/Benoit Tessier)

A Embraer planeja voltar ao patamar de 100 entregas anuais de aeronaves comerciais em 2028, segundo declarou o presidente-executivo da companhia, Francisco Gomes Neto, em entrevista à Reuters. A fabricante brasileira, terceira maior do mundo, enfrenta ainda obstáculos na cadeia de suprimentos que devem adiar o alcance dessa meta.

De acordo com Gomes Neto, a companhia espera encerrar 2025 com entre 77 e 85 entregas, após registrar 73 no ano anterior. A última vez que a Embraer atingiu a marca de 100 jatos comerciais produzidos em um único ano foi em 2017. “O ano de 2026 ainda vai ser mais desafiador para a produção de jatos comerciais”, afirmou. “Mas a partir de 2027, vamos voltar com nosso plano forte de crescimento, e esperamos que em 2028 já estejamos batendo nos 100 aviões comerciais por ano”, acrescentou.

Gargalos de produção e carteira de pedidos cheia

Nos últimos anos, a empresa enfrentou problemas no fornecimento de motores da família E2, além de atrasos em peças de fuselagem vindas da Europa e em motores dos jatos E1. Ainda assim, o executivo reforça que a demanda segue aquecida: “Esse ‘range’ que temos dado para o mercado tem permitido a entrega do que prometemos, apesar de toda essa dificuldade da cadeia de suprimento”.

Gomes Neto destacou ainda que a companhia tem a agenda de entregas praticamente fechada até 2027: “A Embraer vai continuar crescendo. Nós estamos com os pedidos para entregar, não é falta de venda. Estamos com pedido, estamos com a carteira, os slots de produção praticamente fechados para 2026 e para 2027, e parcialmente 2028. Agora o desafio realmente é entregar os aviões”.

Novos contratos e perspectivas de mercado

A entrevista foi concedida após a Embraer anunciar um pedido firme de 50 aeronaves E195-E2 pela companhia aérea norte-americana Avelo Airlines, o primeiro acordo desse modelo nos Estados Unidos. Além disso, a fabricante brasileira já registrou encomendas recentes da japonesa ANA, da Scandinavian Airlines (SAS) e da americana SkyWest.

Segundo o presidente, novas campanhas de venda podem gerar mais pedidos ainda este ano, principalmente do modelo E2. Já os E1, que atendem majoritariamente o mercado norte-americano, não devem receber novas encomendas em 2025.

Sem fábrica de E2 nos Estados Unidos

Apesar do avanço comercial no mercado norte-americano e da tarifa de 10% sobre aeronaves fabricadas no Brasil, Gomes Neto descartou, por ora, a abertura de uma linha de montagem de jatos E2 nos EUA. “Criar uma nova linha tem que investir muito dinheiro, isso vai criar uma depreciação enorme e vai deixar o produto menos competitivo”, explicou.

Ele ponderou, contudo, que a decisão poderia mudar diante de pedidos massivos: “Se a gente vender milhares de aviões, tiver pedidos de centenas de aviões, aí sim – aí não dá para fazer lá (no Brasil), aí uma segunda linha poderia ser perto de quem vai comprar mais aviões. Mas não é o caso agora”.

A Embraer mantém a produção das duas gerações de aeronaves em São José dos Campos (SP) e opera linhas de montagem de jatos executivos na Flórida. A empresa também propôs investir US$ 500 milhões em uma fábrica nos EUA para produzir o cargueiro militar C-390, caso o governo norte-americano decida adquiri-lo.

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