Diretora de inteligência dos EUA restringe aliados em informações sobre negociações Rússia-Ucrânia
Decisão de Tulsi Gabbard limita repasse de dados até mesmo ao grupo Five Eyes e expõe divergências dentro da aliança ocidental
247 - A ex-deputada democrata Tulsi Gabbard, atual diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, determinou que todas as informações ligadas às negociações de paz entre Rússia e Ucrânia não sejam compartilhadas com aliados de Washington. A medida foi revelada pela CBS News, que teve acesso ao memorando assinado em 20 de julho.
De acordo com a emissora norte-americana, a ordem classifica os dados e análises relacionados ao processo como NOFORN – sigla que significa proibição de repasse a serviços de inteligência estrangeiros, inclusive aos integrantes do acordo conhecido como Five Eyes, que reúne EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Impacto nas relações de confiança
Fontes ouvidas pela CBS News alertaram que a decisão pode comprometer a confiança entre Washington e seus parceiros, construída historicamente em torno do compartilhamento de informações sensíveis. Ex-funcionários do governo, contudo, destacaram que medidas semelhantes já ocorreram no passado, quando interesses divergentes se impuseram dentro do próprio Five Eyes.
A restrição se aplica apenas ao material produzido pelas agências de inteligência norte-americanas. Informações de natureza diplomática ou militar coletadas fora desse círculo, como dados de segurança repassados a Kiev, não estão abrangidas pela norma.
Críticas à estratégia ocidental
Gabbard tem se posicionado de forma crítica em relação à política externa de Washington e à postura da Otan. Para ela, o conflito na Ucrânia foi agravado pela recusa ocidental em reconhecer as “preocupações legítimas de segurança” da Rússia diante da possibilidade de ingresso ucraniano na aliança militar.
Negociações restritas entre líderes
O memorando antecedeu o encontro de 15 de agosto, no Alasca, entre o presidente russo Vladimir Putin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nenhum aliado europeu nem representantes ucranianos foram convidados. Apesar de não haver acordo de cessar-fogo, os dois líderes classificaram o diálogo como “construtivo”.
Nos dias seguintes, Trump recebeu em Washington o presidente ucraniano Vladimir Zelensky e líderes europeus. As conversas abordaram caminhos para a resolução do conflito e possíveis garantias de segurança a Kiev. Em público, Trump aconselhou Zelensky a “mostrar flexibilidade” e reiterou que a Ucrânia não se tornará membro da Otan.