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Cúpula entre Trump e Putin é adiada em meio a impasse sobre cessar-fogo na Ucrânia

Divergências sobre proposta ocidental de trégua adiam reunião em Budapeste

O presidente dos EUA, Trump, se encontra com o presidente russo, Putin, no Alasca (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

247 - A reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, foi adiada após divergências sobre os termos de um cessar-fogo na Ucrânia. O encontro, que estava previsto para ocorrer em Budapeste, na Hungria, foi temporariamente suspenso enquanto as partes avaliam novas condições para retomar o diálogo.De acordo com informações da agência Reuters, um alto funcionário da Casa Branca afirmou que “não há planos para o presidente Trump se encontrar com o presidente Putin no futuro imediato”. A decisão foi tomada após uma conversa entre o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que classificaram o diálogo como “produtivo”, mas decidiram adiar o encontro presencial.

Proposta de cessar-fogo divide posições

O principal ponto de divergência está na proposta de cessar-fogo imediato apresentada pelos Estados Unidos e apoiada por líderes europeus. A iniciativa prevê a interrupção dos combates com base nas linhas de frente atuais, medida que favoreceria Kiev ao permitir que a Ucrânia reorganize suas forças e fortaleça posições estratégicas com apoio militar do Ocidente.

Moscou, por sua vez, sustenta que qualquer negociação deve incluir garantias concretas de segurança e reconhecimento territorial, sobretudo na região de Donbass. Um documento informal enviado recentemente a Washington reafirmou essa posição, apontando que “não há entendimento” sobre uma data para o encontro entre Trump e Putin.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que “nem o presidente Trump nem o presidente Putin deram datas exatas” e destacou que “são necessárias preparações sérias antes de uma nova cúpula”.

Pressão europeia e cautela em Washington

Enquanto Washington adota uma postura de cautela, os principais países da União Europeia — incluindo França, Alemanha e Reino Unido — divulgaram um comunicado conjunto apoiando “fortemente a posição do presidente Trump de que os combates devem parar imediatamente e que a atual linha de contato deve ser o ponto de partida das negociações”.

Segundo a Reuters, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, viajou nesta terça-feira (21) a Washington para discutir a proposta com Trump. O encontro deve ocorrer nesta quarta-feira e servirá para alinhar a estratégia ocidental diante da resistência de Moscou.

Cautela diplomática e interesses estratégicos

Para diplomatas europeus, o adiamento da reunião entre os chanceleres Lavrov e Rubio indica que os Estados Unidos preferem evitar uma nova cúpula sem avanços concretos. linhas atuais”.

Analistas em Moscou interpretam o adiamento como um movimento estratégico para ganhar tempo e avaliar as intenções reais do Ocidente. Fontes ligadas ao Kremlin sustentam que a proposta de cessar-fogo tem caráter político e busca aliviar a pressão militar sobre Kiev, permitindo que a Ucrânia se reestruture com ajuda da OTAN.

Questões logísticas e dilemas europeus

A escolha de Budapeste como sede da futura reunião segue em debate. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, mantém boas relações com Moscou e apoia a mediação do encontro. No entanto, a logística da viagem de Putin envolve complicações: a Polônia já advertiu que poderia interceptar o avião do líder russo caso ele sobrevoe seu território, enquanto a Bulgária sinalizou disposição para autorizar o trânsito aéreo.Enquanto o impasse persiste, Trump tenta equilibrar suas relações com Kiev e Moscou. Na semana passada, ele recebeu o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy na Casa Branca, em um encontro descrito como tenso. Apesar das divergências, Trump reafirmou seu apoio à proposta de cessar-fogo “nas posições atuais” — um gesto que foi bem recebido por aliados europeus, mas visto com desconfiança em Moscou.

O adiamento da cúpula não representa o fim das negociações, mas evidencia a complexidade do cenário geopolítico em torno da guerra na Ucrânia, onde interesses militares, diplomáticos e energéticos continuam entrelaçados.

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