Claudia Sheinbaum nega acordo com agência dos EUA para combate ao narcotráfico
Sheinbaum nega participação em projeto dos EUA e afirma que cooperação foi apenas em treinamento no Texas
247 - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, negou nesta terça-feira (19) a existência de qualquer acordo com a DEA, agência antidrogas dos Estados Unidos, para atuar em operações conjuntas contra cartéis de drogas na fronteira. A informação havia sido divulgada pela própria DEA em comunicado oficial na segunda-feira (18), conforme noticiou a Folha de S.Paulo.
Segundo a nota da agência norte-americana, o programa batizado de Portero reuniria investigadores mexicanos, autoridades policiais, promotores e membros da inteligência dos EUA. “A DEA está tomando medidas decisivas para enfrentar os cartéis que estão assassinando americanos com fentanil e outros venenos”, declarou o administrador da entidade, Terrance Cole. O texto acrescentava que a iniciativa previa a identificação de alvos conjuntos, elaboração de estratégias coordenadas e o fortalecimento do intercâmbio de inteligência.
Sheinbaum: “não há nenhum acordo com a dea”
A mandatária mexicana, no entanto, refutou o anúncio. “Não há nenhum acordo com a DEA”, afirmou em sua tradicional conferência matinal. Sheinbaum explicou que a única cooperação firmada com a agência foi o treinamento de policiais mexicanos realizado no Texas. Ela também destacou que o governo mexicano está próximo de concluir outro pacto, mas com o Departamento de Estado dos EUA, e não com a DEA.
A presidente criticou ainda a forma como a informação foi divulgada: “Qualquer comunicação conjunta é feita de maneira conjunta. Nós não validamos algo que seja emitido por parte de uma instituição do governo dos EUA que não tenha consultado o governo do México”.
Pressões de trump e medidas de segurança na fronteira
O episódio ocorre em meio à escalada de pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem ameaçado tanto o México quanto o Canadá com tarifas comerciais. Trump alega que os parceiros do T-MEC não têm atuado de forma suficiente para conter o tráfico de drogas e migrantes, sobretudo o fentanil, substância que já causou milhares de mortes em território norte-americano.
Pouco após assumir o governo, o republicano decretou emergência nacional na fronteira de 3.100 quilômetros com o México e determinou o envio de cerca de 9.600 militares para reforçar a segurança.
Medidas do governo mexicano
Por sua vez, a gestão de Sheinbaum vem intensificando o enfrentamento ao crime organizado. Entre as ações recentes estão o envio de 10 mil soldados para a fronteira, o aumento das apreensões de drogas e a entrega, em fevereiro, de 29 líderes de cartéis às autoridades dos EUA.