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      China denuncia tratamento abusivo a estudantes em aeroportos dos EUA

      Pequim acusa Washington de discriminação contra estudantes chineses, submetidos a longos interrogatórios e até 70 horas de detenção

      Agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA no Aeroporto Internacional de Los Angeles (Foto: Patrick Fallon /Reuters)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - O governo chinês acusou os Estados Unidos de práticas abusivas contra estudantes da China que viajam ao país. Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, jovens universitários foram levados a “pequenos quartos escuros” e submetidos a interrogatórios de mais de 70 horas em aeroportos norte-americanos. As informações são do jornal SCMP. 

      Em coletiva de imprensa, Mao afirmou que tais procedimentos “violam seriamente os direitos legítimos e legais dos cidadãos chineses, prejudicam o intercâmbio normal entre os dois países e minam gravemente a atmosfera de diálogo cultural e humano”. Ela acusou Washington de adotar políticas seletivas e discriminatórias: “Recentemente, os EUA têm praticado uma aplicação da lei discriminatória, politicamente motivada e seletiva contra estudantes chineses. Eles são levados a pequenos quartos escuros para repetidos e prolongados interrogatórios”.

      A diplomata relatou que muitos desses estudantes foram questionados sobre temas sem relação com a finalidade de sua viagem e, em alguns casos, tiveram vistos cancelados e entrada negada sob alegações de “segurança nacional”. “Instamos os Estados Unidos a enfrentar diretamente esse problema, levar a sério as preocupações da China e implementar as declarações de suas lideranças que dizem dar boas-vindas aos estudantes chineses”, declarou Mao Ning.

      Histórico de restrições

      De acordo com dados divulgados pela imprensa estatal chinesa, mais de 5 mil estudantes e pesquisadores foram impedidos de obter vistos ou deportados dos EUA entre 2021 e março de 2024. Só em 2021, ao menos 2 mil chineses das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática tiveram pedidos negados. Pequim já havia acusado Washington de “politizar e transformar em arma a pesquisa acadêmica” e de usar o pretexto da segurança nacional para perseguir estudantes.

      O endurecimento da política começou durante o primeiro mandato do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e se intensificou em sua segunda gestão. Em maio deste ano, o secretário de Estado Marco Rubio anunciou que o governo passaria a “reforçar o escrutínio” de pedidos de estudantes da China continental e de Hong Kong.

      “O Departamento de Estado, sob a liderança do presidente Trump, trabalhará em conjunto com o Departamento de Segurança Interna para revogar agressivamente vistos de estudantes chineses, incluindo aqueles ligados ao Partido Comunista Chinês ou que estudam em áreas estratégicas”, disse Rubio.

      Segundo números divulgados pelo Departamento de Estado, desde o início da atual administração Trump mais de 6 mil estudantes estrangeiros tiveram vistos revogados. Além disso, as autoridades estão revisando a situação de mais de 55 milhões de portadores de visto para verificar violações relacionadas a permanência irregular, atividades criminosas ou ligações com terrorismo.

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