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China acelera corrida pela energia solar no espaço diante de alerta sobre atraso tecnológico

Especialista da Academia Chinesa de Ciências cobra estratégia nacional para reduzir distância em relação aos EUA

Uma representação artística fornecida pela SpaceWorks Engineering, Inc. mostra um projeto moderno para uma usina orbital que transmitirá energia renovável para o mundo em desenvolvimento (Foto: REUTERS/SpaceWorks Engineering, Inc.)

247 - A China foi instada a acelerar os investimentos no desenvolvimento de usinas solares espaciais para fortalecer sua posição no setor de energias limpas e na corrida espacial. A análise foi publicada pelo jornal China Science Daily e repercutida pelo South China Morning Post, destacando a preocupação do acadêmico Ge Changchun, da Academia Chinesa de Ciências, com o atraso tecnológico do país em relação a Estados Unidos e Japão.

Segundo Ge, o programa chinês ainda é sustentado principalmente por universidades e centros de pesquisa, mas carece de coordenação estratégica em nível nacional para enfrentar um projeto tão complexo. “Eles carecem da capacidade de apoiar um sistema de tamanha escala e complexidade”, escreveu. Ele defendeu que Pequim adote uma estratégia centralizada para reduzir o hiato tecnológico e tornar a energia solar espacial viável em escala comercial até 2050.

O potencial da energia solar espacial

Ao contrário das usinas terrestres, as plataformas orbitais não sofrem interferência do clima ou da noite, aproveitando uma radiação solar mais intensa e constante. Nessas estruturas, a energia é convertida diretamente em eletricidade e transmitida à Terra por meio de micro-ondas ou lasers.

Embora os Estados Unidos tenham realizado experimentos já na década de 1970, a China iniciou suas pesquisas apenas em 2008. Em 2021, o país lançou seu primeiro centro de estudos dedicado ao tema em Chongqing, com um investimento de 2,6 bilhões de yuans (cerca de US$ 362 milhões). A previsão é concluir ainda neste ano uma instalação-piloto na estratosfera, com a meta de validar a tecnologia até 2030.

Custos e desafios frente aos concorrentes

Apesar do avanço, Ge alertou que a China enfrenta um “hiato notável” em relação às nações mais desenvolvidas. Entre os obstáculos estão os altos custos de lançamento, a durabilidade limitada dos materiais e a falta de tecnologia de manutenção em órbita.

Ele comparou os custos chineses de lançamento de foguetes — cerca de US$ 2.000 por libra — aos da empresa norte-americana SpaceX, 40% mais baratos. Além disso, destacou que a China ainda realiza testes de reparo apenas em solo, enquanto os EUA já conduziram ensaios com robôs autônomos em órbita. Outro ponto crítico é a vida útil dos materiais, que chega a ser 50% menor do que os equivalentes americanos e japoneses, comprometendo a eficiência das usinas a longo prazo.

Estratégia gradual e proteção contra riscos

Ge defendeu que a China adote um modelo progressivo: construir pequenas estações de energia solar no espaço para depois integrá-las em sistemas maiores, garantindo flexibilidade e redução de custos. Ele também apontou a necessidade de aumentar a eficiência da transmissão sem fio, hoje em torno de 50%, para pelo menos 60%.

Outro desafio apontado é o risco de detritos espaciais danificarem as estruturas, o que exigirá sistemas de monitoramento e proteção mais avançados.

Além da China, Japão e Estados Unidos também intensificam suas iniciativas. No ano passado, Tóquio testou com sucesso um veículo de alta altitude que transmitiu micro-ondas a um receptor em solo a partir de 7 mil metros. Já a Força Aérea dos EUA planeja novos experimentos em 2025 para validar a transmissão de energia via satélite.

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