Chefe do Pentágono ataca "generais gordos" e Trump defende uso de cidades como campo de treinamento militar
Secretário de Defesa dos EUA critica diversidade e condiciona apoio à lealdade
247 – O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, promoveu nesta terça-feira (30) um raro encontro com oficiais de alta patente em Quantico, Virgínia, no qual atacou o que chamou de “generais gordos” e iniciativas de diversidade nas Forças Armadas. A reunião contou também com a presença do presidente Donald Trump, que defendeu o envio de tropas para cidades americanas, apresentando a medida como forma de “treinamento” para o Exército. As informações são da agência Reuters.
Hegseth impõe linha dura e exige lealdade
Durante seu discurso, Hegseth — ex-personalidade da Fox News — afirmou que os militares deveriam renunciar caso não concordassem com sua agenda. Ele declarou que as últimas décadas de políticas no Pentágono teriam levado a uma “decadência” da instituição, marcada, segundo ele, por “líderes políticos tolos e irresponsáveis”.
“Fizemos do Departamento de Defesa um departamento 'woke'. Mas não mais”, afirmou.
O secretário também justificou a demissão de oficiais de alta patente, incluindo o chefe do Estado-Maior, que é negro, e a principal almirante da Marinha, que é mulher. Segundo ele, tais oficiais representavam uma “cultura quebrada”.
Hegseth anunciou mudanças na forma como o Pentágono lida com denúncias de discriminação e investigações de má conduta, criticando o que chamou de ambiente em que os oficiais “andam em ovos”.
“Se as palavras que estou dizendo hoje estão fazendo seus corações afundarem, vocês devem fazer a coisa honrosa e renunciar”, disse, acrescentando em seguida: “Sei que a esmagadora maioria sente o contrário. Estas palavras enchem seus corações”.
Ele ainda declarou ser “inaceitável ver generais e almirantes gordos” e determinou que os testes de aptidão física terão parâmetros masculinos como padrão, além de reforçar padrões de aparência: “A era da aparência não profissional acabou. Chega de barbudos”.
Trump: “Eu tenho as costas de vocês”
O presidente Donald Trump, ao assumir o palco, reforçou o tom de lealdade exigido por Hegseth.
“Se você não gosta do que estou dizendo, pode deixar a sala. Claro, lá se vão sua patente e seu futuro”, ironizou.
Em um discurso de mais de uma hora, Trump voltou a criticar políticas de diversidade, elogiou as Forças Armadas e prometeu total apoio aos militares:
“Mérito. Tudo é baseado em mérito. Não vamos colocar alguém em seu lugar por razões políticas, porque são politicamente corretos e você não é”, declarou. “Eu estou com vocês. Apoio vocês, e como presidente, tenho as costas de vocês 100%”.
O presidente também afirmou que cidades americanas deveriam ser usadas como campos de treinamento para tropas, citando o envio de militares a locais como Portland, Los Angeles e Chicago.
“Devemos usar algumas dessas cidades perigosas como campos de treinamento para o nosso Exército”, afirmou Trump.
Ele descreveu a situação interna dos EUA como uma “invasão por dentro”, associando-a a imigrantes em situação irregular:
“Estamos sob invasão de dentro, não diferente de um inimigo estrangeiro, mas mais difícil em muitos aspectos, porque eles não usam uniformes”.
Reações e críticas
As falas geraram forte reação entre democratas. O senador Jack Reed, líder democrata no Comitê de Serviços Armados, alertou que o encontro mina a tradição de neutralidade das Forças Armadas:
“Isso sinaliza que a lealdade partidária importa mais do que a capacidade, o julgamento ou o serviço à Constituição, minando o princípio de um Exército profissional e apartidário”, disse.
O governador de Illinois, JB Pritzker, também criticou Trump após as declarações sobre inimigos internos:
“Qualquer pessoa que fale sobre seus concidadãos como inimigos a serem 'eliminados' não está apta a liderar a nação”.
Um Pentágono transformado
O encontro acontece em meio a uma série de mudanças promovidas por Trump em apenas oito meses de governo. Entre elas estão demissões em massa, a proibição de determinados livros nas academias militares, operações militares contra supostos barcos de drogas na Venezuela e a assinatura de uma ordem executiva que busca renomear o Departamento de Defesa como “Departamento de Guerra” — medida que ainda precisa de aprovação do Congresso.