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      Chanceler sul-coreano promete fortalecer laços com a China buscando ‘a verdade a partir dos fatos’

      Declarações de Cho Hyun indicam movimento de Seul para aprofundar cooperação com Pequim, apesar das diferenças históricas e recentes tensões

      O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Cho Hyun (Foto: VCG)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Cho Hyun, afirmou nesta quinta-feira (14) que o país manterá as relações com a China “a partir da perspectiva de buscar a verdade a partir dos fatos” e adotará uma postura de “buscar pontos em comum enquanto administra as diferenças” com Pequim. As declarações foram divulgadas pela agência Yonhap News e repercutidas pelo jornal Global Times, que destacou a avaliação de especialistas de que o discurso reflete o interesse crescente de Seul em aprofundar laços bilaterais, mesmo diante de atritos persistentes.

      Em entrevista coletiva, Cho reconheceu que existem “diferenças fundamentais” entre os dois países, mas defendeu a necessidade de “administrar essas diferenças de forma eficaz e promover cooperação e diálogo” a partir de uma abordagem pragmática. Segundo ele, a relação deve evoluir com base em interesses mútuos e estabilidade regional.

      Contexto das declarações

      O posicionamento de Cho acontece em meio a uma série de sinais recentes emitidos pelo governo sul-coreano sobre a intenção de estreitar os vínculos com a China. Lü Chao, especialista em assuntos da Península Coreana na Academia de Ciências Sociais de Liaoning, afirmou ao Global Times que as falas do chanceler e do gabinete presidencial indicam “uma sinalização para buscar a melhoria geral das relações”. Ele alertou, no entanto, que é essencial transformar as palavras em ações concretas, como lidar com incidentes hostis contra a China e conter discursos anti-China no país.

      Nesta semana, o presidente Lee Jae-myung condenou protestos antichineses em frente à embaixada chinesa em Seul, classificando-os como “manifestações de ódio” marcadas por “abusos verbais e violência além da liberdade de expressão”, segundo a emissora sul-coreana MBC News. Lee defendeu medidas para prevenir violações de direitos humanos contra estrangeiros e grupos vulneráveis, afirmando que tais atos “não são dignos de uma nação democrática que valoriza a diversidade e a inclusão”. A polícia sul-coreana abriu investigação sobre o caso.

      Controvérsia com os Estados Unidos

      As falas de Cho também seguem a repercussão de declarações feitas durante entrevista ao The Washington Post, durante visita aos Estados Unidos, quando ele afirmou que Seul estava “mais atenta à ascensão da China e aos seus desafios”, ao mesmo tempo em que desejava manter boas relações com Pequim. O comentário foi interpretado por parte da imprensa como sinal de postura menos amistosa, levando as duas capitais a emitirem esclarecimentos.

      Em 5 de agosto, a embaixada chinesa em Seul afirmou que China e Coreia do Sul são “vizinhos importantes e parceiros cooperativos” e que “o fortalecimento da cooperação amigável está no melhor interesse de ambos os países e seus povos”. Já a Casa Azul — sede da Presidência sul-coreana — esclareceu que as palavras de Cho tinham como objetivo reforçar o compromisso de “fomentar a relação bilateral para contribuir com o bem-estar econômico, a estabilidade regional e a prosperidade, apesar das diferenças sobre alguns temas”, segundo o jornal The Korea Herald.

      Medidas concretas e perspectiva futura

      Além do discurso, o governo sul-coreano adotou medidas práticas para melhorar o clima diplomático, como a decisão de conceder entrada sem visto a grupos de turistas chineses entre 29 de setembro de 2025 e 30 de junho de 2026. O embaixador chinês em Seul, Dai Bing, elogiou a medida nas redes sociais, e Cho compartilhou a mensagem afirmando esperar que a iniciativa “incentive ainda mais os intercâmbios vibrantes entre os povos da Coreia e da China”.

      Para Lü Chao, esse tipo de ação demonstra que Seul reconhece a importância estratégica do relacionamento bilateral. “Esperamos que essa tendência positiva continue”, afirmou o especialista.

      Com essa combinação de declarações e ações práticas, a Coreia do Sul sinaliza um esforço para equilibrar diferenças políticas com benefícios econômicos e estratégicos, em um momento em que as dinâmicas da Ásia Oriental estão em transformação acelerada.

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