Chancelaria russa dá resposta enérgica a vice-presidente dos EUA: “Rússia e China falam por si mesmas”
Porta-voz russa rejeita declaração de JD Vance sobre o Irã e critica o envio de armas para Kiev e a militarização de Taiwan
247 - A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, respondeu neste domingo (22) às recentes declarações do vice-presidente dos Estados Unidos, James D. Vance, sobre o programa nuclear iraniano. Segundo informações divulgadas pela agência RT, Zakharova classificou como "indevidas" as tentativas de Washington de falar em nome de Moscou e Pequim, afirmando que "Rússia e China falam por si".
Vance havia declarado em entrevista que "uma das poucas questões em que Rússia, China e Estados Unidos concordaram é que não querem uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio" e sugeriu que tanto Moscou quanto Pequim se opõem ao avanço do programa nuclear iraniano.
Zakharova, em publicação nas redes sociais, foi direta ao rebater o discurso do norte-americano. "Em primeiro lugar, Rússia e China não querem que os EUA interfiram em seus assuntos internos de forma alguma. E qualquer pessoa que faça declarações em nome de nossos dois países, mas sem nossa autorização, seria sensata em começar exatamente assim", escreveu.
Na sequência, a porta-voz apontou exemplos do que considera interferência dos EUA. "Por exemplo, não fornecer mísseis letais ao regime terrorista de Kiev, não militarizar Taiwan, etc.", afirmou, em referência ao apoio militar de Washington à Ucrânia e às tensões em torno da ilha chinesa.
Zakharova reforçou que tanto a Rússia quanto a China "falam por si" e que os Ministérios das Relações Exteriores dos dois países já se posicionaram publicamente sobre o tema do Irã e sobre as agressões de Israel e dos Estados Unidos no Oriente Médio.
A diplomata destacou ainda o entendimento compartilhado por Moscou e Pequim de que o Irã "pode e deve determinar sua própria estratégia para o desenvolvimento da energia nuclear de acordo com o direito internacional", em especial os compromissos assumidos no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Zakharova lembrou que Teerã desenvolve projetos voltados para a energia nuclear pacífica, o que considera um direito legítimo do país, e ressaltou que não há evidências de que o Irã esteja fabricando armas nucleares. "Isso foi repetidamente confirmado tanto pelo próprio Teerã quanto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", frisou.
Em tom crítico à postura dos Estados Unidos e de Israel, Zakharova evocou o histórico das discussões internacionais sobre o desarmamento nuclear no Oriente Médio. Ela lembrou que, já em 1958, a então União Soviética propôs a criação de uma zona livre de armas nucleares na região, e que o Irã levou o tema à ONU em 1974.
"Hoje, o único Estado na região que possui armas nucleares é Israel, que ignora sistematicamente as iniciativas para criar uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio e agora, juntamente com os EUA, está bombardeando o Irã, que não possui armas nucleares. Então, o que o Sr. Vance quis dizer?", questionou a porta-voz russa.
A resposta de Zakharova ocorre em meio a uma escalada das tensões no Oriente Médio, com ataques dos Estados Unidos e de Israel contra alvos iranianos e o aumento das preocupações internacionais com o risco de uma guerra de maiores proporções na região. Paralelamente, cresce o debate sobre o papel dos grandes atores globais, como Rússia e China, no equilíbrio geopolítico e no enfrentamento da agenda intervencionista de Washington.
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