Bessent reforça o controle político da Receita Federal estadunidense

247 – O jornal The Washington Post informou nesta sexta-feira (15) que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, demitiu três altos executivos do Internal Revenue Service (IRS). O IRS é o órgão responsável pela arrecadação e fiscalização tributária nos EUA, equivalente à Receita Federal no Brasil. Os dirigentes afastados atuavam em áreas estratégicas, como os serviços digitais de declaração de impostos e a supervisão de organizações isentas de tributos.

Segundo a publicação, as demissões se somam a uma onda inédita de instabilidade: desde janeiro de 2025, sete comissários já deixaram seus cargos. A medida é vista como parte da estratégia do governo do presidente Donald Trump de reforçar seu controle sobre a Receita Federal estadunidense, levantando críticas de que a instituição pode perder autonomia técnica e independência diante da interferência política.

Pressões políticas e riscos institucionais

Fontes ouvidas pelo Washington Post afirmaram que as mudanças foram diretamente articuladas por Bessent e têm como objetivo central remodelar o funcionamento do IRS. Analistas e comentaristas reagiram com preocupação, sugerindo que a saída de executivos experientes fragiliza a capacidade da Receita dos EUA de aplicar a legislação tributária de forma justa e imparcial.

Entre as principais críticas, destaca-se o temor de que a ingerência política enfraqueça os mecanismos de fiscalização, abrindo espaço para decisões seletivas que beneficiem aliados do governo em detrimento da equidade na cobrança de impostos.

Um órgão em crise de governança

O IRS sempre foi considerado uma das agências mais estáveis do governo norte-americano, mas enfrenta agora um cenário de crise. Apenas neste ano, sete comissários foram substituídos, revelando desgaste profundo na sua estrutura de comando.

Os executivos demitidos por Bessent estavam à frente de áreas centrais para o futuro do órgão: a modernização dos serviços digitais e a regulação de entidades sem fins lucrativos. Especialistas alertam que a interrupção dessas iniciativas coloca em risco a eficiência administrativa e a credibilidade da Receita Federal dos Estados Unidos.

As decisões de Scott Bessent evidenciam o esforço do governo Trump em politizar a Receita Federal estadunidense. Para críticos, a ofensiva ameaça a estabilidade institucional de uma das principais engrenagens da administração pública norte-americana e coloca em xeque a neutralidade da arrecadação de tributos na maior economia do mundo.