Após ataques dos EUA, destino de urânio iraniano segue desconhecido
Trump diz ter destruído centrais nucleares do Irã, mas autoridades admitem que parte do material foi retirada e impactos ainda são incertos
247 – A ofensiva dos Estados Unidos contra o Irã, marcada por bombardeios às três principais instalações nucleares do país persa, ampliou a tensão no Oriente Médio e gerou incertezas quanto ao paradeiro de cerca de 400 quilos de urânio enriquecido. A operação militar americana — batizada de "Martelo da Meia-Noite" — foi a primeira ação direta do governo do presidente Donald Trump desde sua entrada formal na guerra, e ocorre em um momento de elevada instabilidade geopolítica.
Segundo informações obtidas pelo Valor Econômico, que teve como base fontes diplomáticas e reportagens do The New York Times e da agência Reuters, há suspeitas de que o regime iraniano, antecipando-se a uma escalada militar, tenha removido parte de seu material nuclear dos complexos atacados. Autoridades israelenses com acesso à inteligência da operação afirmam que os iranianos podem ter transferido equipamentos e insumos nucleares, incluindo o urânio enriquecido a 60%, para locais ainda não identificados. Essa concentração de urânio é apenas um passo abaixo dos 90% necessários para a produção de armas nucleares.
Trump intensifica retórica, mas governo modera tom - Em declaração pública, Trump afirmou que as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan foram “completa e totalmente destruídas”, mas membros do alto escalão do governo americano adotaram uma postura mais cautelosa. Um funcionário do Departamento de Defesa reconheceu ao The New York Times que Fordow, escavada sob montanhas, foi atingida mas não destruída.
Em postagem em sua rede Truth Social, o presidente americano sugeriu que uma mudança de regime poderia ser considerada caso o Irã “não seja capaz de FAZER O IRÃ GRANDE DE NOVO”, em alusão ao slogan “Make America Great Again” (MAGA). Ainda assim, o Secretário de Defesa Pete Hegseth negou veementemente que os ataques tivessem como objetivo derrubar o governo iraniano: “Esta missão não era e não tem sido sobre mudança de regime”, disse.
Detalhes da operação militar - A operação foi planejada em sigilo, com acesso restrito a poucas autoridades em Washington e no quartel-general das forças americanas para o Oriente Médio, localizado na Flórida. Sete bombardeiros B-2 partiram dos EUA e voaram por 18 horas para lançar 14 bombas capazes de destruir bunkers. Ao todo, a ofensiva utilizou 75 munições guiadas de precisão, incluindo mais de duas dezenas de mísseis Tomahawk, com o envolvimento de 125 aeronaves militares.
O general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto, afirmou que os bombardeios causaram “danos graves” às instalações nucleares, mas ponderou que os impactos reais só serão conhecidos nos próximos dias.
Resposta iraniana e riscos regionais - Teerã reagiu prontamente, lançando mísseis contra Tel Aviv, o que resultou em dezenas de feridos e danos em prédios comerciais. Em comunicado veiculado pela TV estatal iraniana, o governo declarou todos os cidadãos e militares americanos como “alvos legítimos de guerra”.
Além do risco imediato à segurança de bases americanas na região — especialmente no Iraque —, uma das maiores preocupações da diplomacia internacional é um possível bloqueio ao Estreito de Ormuz, por onde passa grande parte do petróleo exportado pelos países do Golfo Pérsico. O Parlamento iraniano já aprovou o fechamento do estreito, embora a decisão final caiba ao Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Diante do risco de desestabilização do mercado global de energia, autoridades americanas mantêm diálogo com China e Rússia para tentar evitar o agravamento do conflito.
Vice-presidente reforça foco no programa nuclear - Em entrevista à rede NBC, o vice-presidente J.D. Vance reiterou que os EUA não estão em guerra com o Irã, mas com seu programa nuclear. “Acho que realmente atrasamos o programa [nuclear] deles por muito tempo”, declarou. “Não temos interesse em tropas em terra.”
Já o Secretário de Estado, Marco Rubio, foi enfático ao dizer à emissora CBS que não há novas ofensivas planejadas: “Temos outros alvos que podemos atingir, mas alcançamos nosso objetivo. Não há operações militares planejadas contra o Irã neste momento — a menos que eles façam alguma coisa.”
Cenário imprevisível - A entrada oficial dos EUA no conflito — que já envolve Israel, Gaza, Líbano e a Síria — coloca o Oriente Médio à beira de uma nova guerra em larga escala. Com a retórica inflamável de Trump e a retaliação imediata de Teerã, a situação internacional se torna ainda mais volátil.
A incerteza sobre o destino do urânio iraniano e o temor de uma escalada maior colocam a comunidade internacional em alerta máximo. Até o momento, não há indícios de que o conflito caminhe para uma resolução diplomática.
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