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      Editor do Brasil 247 avalia impacto do tarifaço em entrevista à RT

      Leonardo Sobreira aponta motivações políticas nos ataques tarifários de Trump e alerta para consequências econômicas para os próprios EUA

      (Foto: RT)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em entrevista concedida à emissora internacional RT, o editor do Brasil 247, Leonardo Sobreira, analisou o impacto das novas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. Segundo ele, a medida, que entrou em vigor nesta semana, tem efeitos diretos em setores estratégicos da economia brasileira, mas também revela motivações políticas e pode gerar prejuízos significativos para os consumidores norte-americanos.

      As tarifas começaram a ser aplicadas hoje e já causam problemas em alguns setores”, afirmou Sobreira. Apesar disso, ele destacou que há negociações em curso entre os governos dos dois países. “Existe uma lista de centenas de isenções para exportações cruciais do Brasil, como suco de laranja e aeronaves, que estão recebendo tratamento especial”, explicou.

      Motivações políticas e pressão sobre o Supremo

      Para o editor do Brasil 247, as tarifas aplicadas por Trump ao Brasil têm um viés distinto daquelas impostas a outros países. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de influenciar decisões do Judiciário brasileiro, especialmente no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar.

      Essas tarifas foram aplicadas como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal a anular o processo contra Bolsonaro, acusado de liderar a tentativa de golpe”, declarou. O julgamento final, que determinará a pena definitiva de Bolsonaro, está previsto para o próximo mês.

      Sobreira ressaltou que Trump enxerga a situação de forma pragmática e insinuou que o ex-presidente dos EUA ainda aposta em uma saída "fora da institucionalidade", o que, segundo ele, não pode ser descartado.

      Tarifas podem sair caro para os EUA

      A medida, segundo Leonardo Sobreira, também pode se voltar contra os próprios Estados Unidos. “É o consumidor americano quem paga pelas tarifas”, lembrou. Produtos brasileiros como carne, café e suco de laranja já estão mais caros nos mercados dos EUA. “A Embraer tem contratos bilionários com empresas aéreas americanas, e isso gera impacto econômico direto para a população dos EUA”, acrescentou.

      Ele sugeriu ainda que Trump usa o tarifaço como uma ferramenta para enfrentar a crise fiscal interna: “É um tiro que ele está disposto a dar, buscando fechar o rombo de US$ 1 trilhão no orçamento dos EUA, o que já está corroendo a confiança no dólar”.

      Ataque ao BRICS e a disputa pela hegemonia do dólar

      A política tarifária de Trump, na avaliação do jornalista, está diretamente ligada à disputa global pela hegemonia do sistema monetário. Ele lembrou que os países mais afetados pelas tarifas — Brasil, Índia e China — são membros fundadores do BRICS e vêm adotando medidas para reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais.

      O último encontro do BRICS deixou isso claro. O uso de moedas nacionais no comércio foi um dos grandes destaques, mesmo que o tom do evento não tenha sido abertamente contra os EUA”, disse. “Trump está preocupado em garantir a dominância do dólar, e o BRICS ameaça essa supremacia”.

      Sobreira apontou ainda que a presidência brasileira no grupo reforça o protagonismo do país nessa agenda: “Desde o início do mandato brasileiro no BRICS, está claro o objetivo de substituir o dólar nas operações comerciais”.

      O papel simbólico da OMC e os riscos de escalada

      Questionado sobre a reação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Leonardo explicou que o recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC) tem caráter mais simbólico que prático. “O mecanismo da OMC ao qual o Brasil recorreu está paralisado. É apenas uma forma de mostrar que o governo brasileiro defende o caminho da negociação”, observou.

      Ele também alertou para o risco de uma escalada caso as conversas diplomáticas fracassem. “Se Lula decidir adotar medidas mais proativas, o cenário pode se agravar”, disse, mencionando informações de serviços de inteligência sobre possíveis ataques a embarcações que operam fora do sistema financeiro tradicional — a chamada "shadow fleet" — que compram petróleo russo. “Também circulam discussões nas Forças Armadas brasileiras sobre manter a relação militar com os EUA”, revelou.

      A entrevista completa foi transmitida pela RT nesta semana e lança luz sobre as complexas relações geopolíticas em jogo, reforçando o papel estratégico do Brasil na nova ordem internacional. Assista:

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