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Brasil registra queda histórica nos focos de calor e atinge menor índice em 12 anos

Redução expressiva de queimadas em 2025 fortalece posição do país na COP30 e impulsiona medidas permanentes de prevenção

Ações de combate a incêndios e queimadas no Cerrado e no Pantanal poderão ter recursos do Fundo Amazônia (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O Brasil alcançou em 2025 o menor número de focos de calor para o período dos últimos 12 anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento mostra que, de janeiro a 7 de agosto, foram cerca de 30 mil ocorrências — marca não registrada desde 2013, quando houve 28 mil casos. 

Segundo a Agência Gov,  a queda expressiva acontece em meio ao fortalecimento de políticas públicas de combate ao fogo e à preparação do país para sediar a COP30, em Belém (PA). O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em conjunto com o Ibama e o ICMBio, reforçou ações preventivas que já estão refletindo nos índices de 2025.

O comparativo com 2024 revela avanços significativos. O Pantanal reduziu de 6,6 mil focos para apenas 126 neste ano, enquanto a Amazônia passou de 30 mil para 7 mil registros no mesmo período. Para André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento do MMA, dois fatores explicam o resultado: “O ano passado foi completamente fora da curva, com forte efeito do El Niño. Este ano voltamos a uma condição neutra e, além disso, houve um conjunto de ações integradas entre governos locais e federais”.

Em 2024, o Brasil havia contabilizado 278 mil focos de incêndio, alta de 46,5% em relação ao ano anterior. O impacto levou à adoção de medidas emergenciais, que agora se consolidam como política de Estado.

De acordo com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a ampliação da estrutura de combate ao fogo foi decisiva: “Precisamos diminuir nossa vulnerabilidade e aumentar nossa capacidade de enfrentamento. Este ano estamos muito mais preparados para agir, tanto na prevenção quanto no combate propriamente dito”.

Atualmente, o Brasil conta com o maior contingente de brigadistas federais da história: 4.385 profissionais — 2.600 no Ibama e 1.785 no ICMBio —, o que representa aumento de 26% em relação a 2024. O governo também adquiriu 11 helicópteros e quase dobrou a frota de veículos usados nas operações, com investimentos superiores a R$ 45 milhões desde 2023.

Parte dos recursos vem do Fundo Amazônia, que aprovou R$ 405 milhões para apoiar os corpos de bombeiros da Amazônia Legal e, pela primeira vez, também ações no Cerrado e no Pantanal.

Em junho de 2025, foi sancionada a Lei 15.143, que agiliza a contratação de brigadistas, permite o uso de aeronaves estrangeiras em emergências e amplia a transferência de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente diretamente a estados e municípios. Além disso, um decreto assinado pelo presidente Lula no ano passado elevou as punições para crimes relacionados a incêndios florestais.

Na prática, o governo intensificou o uso de aceiros e queimas prescritas — técnicas de manejo controlado que reduzem o risco de incêndios de grandes proporções. Segundo João Moreira, analista ambiental do ICMBio, as condições climáticas de 2025 permitiram antecipar ações preventivas: “Conseguimos realizar queimas prescritas e confeccionar aceiros com mais antecedência este ano”.

Os incêndios florestais seguem sendo agravados pelas mudanças climáticas. “O mundo está esquentando, os eventos extremos são mais intensos e frequentes. O desmatamento aumenta a vulnerabilidade das florestas, que deixam de atuar como barreira natural e passam a ser combustível”, alertou André Lima, do MMA.

Na primeira carta oficial como presidente da COP30, André Corrêa do Lago destacou a relevância da preservação: “As florestas podem nos fazer ganhar tempo na ação climática. Se revertermos o desmatamento e recuperarmos o que foi perdido, poderemos remover gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, gerar novas oportunidades de bioeconomia”.

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