Teste da Petrobras na Margem Equatorial deve terminar nesta quarta-feira
Simulação de emergência no litoral do Amapá pode definir futuro da exploração de petróleo na região, sob avaliação do Ibama
247 - A Petrobras deve encerrar nesta quarta-feira (27) a Avaliação Pré-Operacional (APO) realizada na chamada Margem Equatorial, no Amapá. A simulação é a última etapa de testes de segurança antes de o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decidir se libera ou não a licença para perfuração do primeiro poço na área. O órgão já havia negado a autorização em 2023, mas a estatal apresentou um novo pedido, incluindo medidas adicionais de proteção ambiental. As informações são do jornal O Globo.
Desde domingo (24), às 18h10, a companhia conduz uma série de simulações para avaliar a eficiência de sua estrutura em caso de acidentes. O processo envolve verificar o funcionamento dos equipamentos, a capacidade de resgate da fauna atingida, a comunicação com autoridades locais e a reação da equipe diante de situações de emergência.
O exercício incluiu a simulação de vazamento de óleo, falha no BOP (sistema de válvulas de segurança do poço) e o uso de um ROV, robô submarino operado a distância, para monitoramento. A operação mobilizou cerca de 400 profissionais, com apoio de 13 embarcações e três aeronaves. O ponto de teste está localizado a 175 quilômetros da costa do Amapá e a mais de 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas.
De acordo com uma fonte ligada à APO, todos os procedimentos previstos estão sendo executados conforme o planejamento. Além da estrutura marítima e aérea, a operação conta com dois Centros de Atendimento e Reabilitação de Fauna, instalados em Oiapoque (AP) e Belém (PA), preparados para atender aves, tartarugas e mamíferos marinhos, como golfinhos e peixes-boi. Essas instalações funcionam como hospitais veterinários, com ambulatórios, áreas de estabilização e centro cirúrgico.
A estatal afirma que a distância do ponto de perfuração em relação à costa reduz os riscos de impacto direto sobre ecossistemas sensíveis. Segundo estudos de modelagem, não há possibilidade de o óleo atingir a linha de praia em caso de acidente.
Caso os testes sejam concluídos sem intercorrências, a análise do Ibama poderá ser acelerada. Um processo semelhante ocorreu em 2023, na Bacia Potiguar (RN), quando a licença ambiental foi emitida pouco tempo após o simulado.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, considera a liberação da licença uma das prioridades da atual gestão. A exploração na Margem Equatorial é vista como estratégica para compensar o declínio futuro da produção no pré-sal da região Sudeste. A área, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, é considerada uma nova fronteira petrolífera para o Brasil.
Apesar das expectativas, o projeto enfrenta oposição dentro do próprio Ibama. Em maio de 2023, o instituto negou a licença para perfuração do poço e, meses depois, um grupo de 26 técnicos recomendou novamente a rejeição. Ainda assim, a diretoria do órgão decidiu conceder mais tempo à Petrobras para responder aos questionamentos antes da decisão final.