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'Receitas do petróleo serão essenciais para financiar a transição energética', diz Lula

Presidente defende equilíbrio entre exploração de recursos fósseis e avanço das energias limpas às vésperas da COP30 em Belém

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao Quilombo Itacoã Miri. Acará (PA) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - Em artigo publicado simultaneamente em jornais de diversos países nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os recursos provenientes da exploração de petróleo terão papel decisivo no financiamento da transição energética global. O texto foi divulgado antes da Cúpula de Líderes da COP30, que será aberta oficialmente na próxima segunda-feira (10), em Belém do Pará, e reforça o apelo do governo brasileiro por compromissos concretos na luta contra o aquecimento global.

De acordo com a Folha de S.Paulo, Lula cobrou dos líderes mundiais menos retórica e mais resultados práticos diante da crise climática. “Se não conseguirmos passar dos discursos para ações concretas, nossas sociedades perderão a fé — não apenas na COP, mas no multilateralismo e na política internacional de forma mais ampla”, escreveu o presidente. Segundo ele, a reunião na Amazônia deverá marcar “a ‘COP da verdade’, o momento em que demonstraremos a seriedade do nosso compromisso comum com o planeta”.

O presidente reiterou que a escolha de Belém como sede da conferência tem valor simbólico e político, por permitir que a comunidade internacional “testemunhe a realidade da Amazônia”. Lula também voltou a defender a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), instrumento que pretende mobilizar recursos públicos e privados em favor da preservação ambiental. “Inovador porque funciona como um fundo de investimento, e não como um mecanismo de doação”, explicou.

O líder brasileiro lembrou ainda que o Brasil foi um dos primeiros países a apresentar sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para 2035, e incentivou outros governos a seguir o mesmo caminho durante a COP30. O artigo traça um paralelo entre o evento em Belém e a ECO92, conferência que consolidou as bases das negociações climáticas internacionais. “Aprovamos as convenções sobre clima, biodiversidade e desertificação e adotamos princípios que definiram um novo paradigma para preservar nosso planeta e nossa humanidade”, escreveu Lula.

Ao tratar da política energética, o presidente não citou diretamente a Margem Equatorial, mas defendeu a necessidade de utilizar as receitas do petróleo para impulsionar uma transição justa. “Redirecionar as receitas da produção de petróleo para financiar uma transição energética justa, ordenada e equitativa será essencial”, afirmou. Ele acrescentou que, com o tempo, “as empresas petrolíferas em todo o mundo, incluindo a Petrobras do Brasil, se transformarão em empresas de energia, porque um modelo de crescimento baseado em combustíveis fósseis não pode durar”.

Lula também reafirmou seu compromisso com o multilateralismo e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, além de propor a criação de um fórum climático permanente nas Nações Unidas. O presidente enfatizou que a transição energética deve caminhar junto com a justiça social, alertando para o impacto desigual da crise climática. “Devemos reconhecer que os setores mais vulneráveis da nossa sociedade são os mais afetados pelos impactos das alterações climáticas, razão pela qual os planos de transição justa e adaptação devem ter como objetivo combater a desigualdade”, declarou.

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